Hoje que eu faço 32 anos me
lembro da noite em que o Tancredo Neves morreu, me lembro do pavor do Collor
perder para o Lula. Me lembro que meu irmão e eu fazíamos meus pais nos levar
aos comitês dos candidatos para pegarmos adesivos, bandeiras e todo lixo de
campanha – nós colecionávamos. Se a memória não me engana, havia a real esperança
de que esse país tinha mesmo um grande futuro. Fiz parte dos caras pintadas, nas ruas, pedindo a
cabeça do presidente. Saudosamente me lembro do Ulisses Guimarães e do Mário
Covas – sempre os vi como referências que me garantiam que aquele papo de País do Futuro era real.
Mas a verdade é que eles ficaram
no passado e o futuro nunca chegou. E nem
vai chegar! Nos convenceram de algo que não existe. Enquanto esperávamos a
era prometida chegar a nação foi tomada por brasileiros que fizeram nada mais
nada menos o que qualquer brasileiro faria. E hoje vemos que, nunca antes na
história deste país, fomos tão Brasil.
Eu não sou político e nem
matemático mas se há pessoas que vivem com menos
de um salário mínimo tem alguma coisa de errado na administração das
cidades, estados e União brasileira! São BILHÕES
de Reais que não resolvem qualquer
problema. Você conhece uma cidade brasileira na qual UM dos principais problemas brasileiros esteja solucionado? Temos UMA capital em que de fato haja ou
saúde ou transporte público de qualidade ou segurança ou educação – ou qualquer
coisa que o dinheiro que damos ao governo deveria realizar? Temo que não exista!
O Brasil cresceu menos do que
qualquer país na América Latina ou qualquer BRICS. Não somos um país, mas um
rebanho. É mais do que óbvio que há algo de muito errado no Brasil. Já éramos o
País do Futuro e a Alemanha estava
devastada pela II Guerra e hoje, quem dá as cartas na Europa?
Quando vejo mais uma chacina como
a dessa semana no Rio tenho náuseas. Especialmente por saber que logo mais algo
do tipo vai acontecer de novo. No Estado de São Paulo foram 70 policiais
militares mortos no ano – até agora. Todos nós vimos isso no Fantástico, nos entristecemos
e mudamos de canal.
Enquanto nós, brasileiros, não
fizermos algo muito radical – pararmos o país, boicotarmos eleições, darmos
prazos aos nossos funcionários mais caros (os bandidos a quem damos poder) –
vamos continuar na espera de um futuro distante. Até lá, viveremos essa guerra
civil não declarada, sem educação, saúde, segurança. Nossos queridos – ou apenas
iguais – serão mortos, abandonados e explorados. Mas talvez agora não seja a
hora de falarmos disso. Afinal, temos Copa do Mundo e Olimpíadas a caminho – e vamos
combinar que precisamos pressionar o Mano Menezes, porque ainda não temos um
camisa 9 e nem um goleiro decente!