Meu amigo Paulo sempre diz: “quanto mais velhos, mais exigentes, ‘inconvivíveis’ e sozinhos ficamos”. Isso é pura verdade. Depois que você se acostuma a morar sozinho, ir ao cinema sozinho, fazer compras sozinho, sair sozinho... fica cada vez mais difícil – não digo ter alguém – mas ter qualquer pessoa ao seu lado. Talvez porque depois de tanto tempo convivendo consigo mesmo, você passe a se conhecer melhor, a ter mais certeza do que gosta ou não. Isso significa ser mais complexo, mais difícil, mais exigente, você passa a não tolerar mais certas coisas, determinadas atitudes, infantilidades... e vamos ficando cada vez mais sozinhos. Porque é muito difícil encontrar uma tampa que feche esse pote estranho.
Às vezes tenho a triste sensação (é quase um ódio) que aquela pessoa que eu tanto procuro se casou com uma pessoa errada e que, por algum deslize do destino, acabamos nos desencontrando. Todas as manhãs fico pensando que ele acorda ao lado de uma mulher que está ocupando um lugar que poderia ter sido meu. Fico imaginando como seria bom tocá-lo pela manhã, tomarmos café juntos, ter sua companhia para uma corrida, pra dividir uma garrafa de vinho, ouvir jazz, jogar conversa fora, falar palavrão ou ver aqueles filmes europeus complexos que tantos detestam. Certamente isso deve ter acontecido. Caso contrário, eu estou me tornando uma velha exigente, complexa, ‘inconvivível’ e cada vez mais... sozinha.
3 comentários:
Não acho q exista, apenas, uma alma gêmea...E sim, várias almas gêmeas...
Encontrá-las pode não ser difícil. Difícil é reconhecê-las.
(Meus dedinhosssssssssssssss)
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