Eu tenho cara de André. Não é possível outra
explicação.
Não posso dizer que perdi as contas porque nunca
contei, mas a verdade é que as vezes que me chamaram de André são incontáveis.
Pode até acontecido, vez ou outra, de terem me
chamado de Danilo ou Astolfo, sei lá. De Mr. Martins ou de Cardoso também. Mas
nada que chegasse nem minimamente perto das vezes que me chamaram de André, nas
mais diferentes situações. Alguns chegaram a insistir no André. Nesses casos,
passei a nem corrigir. Uma hora a pessoa percebe.
Entre todas essas vezes, uma delas me marcou
bastante. Também, pudera: quem me chamou de André foi...
...
...
...a Maitê Proença.
...
...
...a Maitê Proença.
Começou com uma entrevista feita por telefone para noticiar a passagem de sua peça "Achadas e Perdidas" pela cidade. Mas, pelo telefone, ela não me chamou de André. Aliás, nunca me chamaram de André pelo telefone, o que reforça que eu tenho cara de André.
Por telefone, ela disse que eu tinha voz de
Guilherme.
Não de qualquer Guilherme, mas do Guilherme de
Almeida Prado, cineasta, com quem ela trabalhou em "Onde Andará Dulce
Veiga?". E não era só a voz. Era o jeito de falar, de entoar as frases,
era o próprio cineasta falando, segundo ela.
Ok. Conversamos e eu criei o texto em cima desse
bate-papo, sem ficar naquele batidão de "olha, a peça vem aí e será
apresentada nos dias tal e tal". Claro que fui assistir à montagem. Depois
da peça, ela iria autografar alguns livros, ali no saguão do teatro mesmo.
Comprei o lançamento "Entre os Ossos e a Escrita" e entrei calmamente
na fila, numa das últimas posições, sem qualquer tipo de identificação de quem
eu era. Quando chegou minha vez, só disse um "boa noite, Maitê". Ela
arregalou os olhos e disse:
- Você! É André, não é? O repórter?
Eu disse que era Daniel, mas que era eu mesmo. Ela
autografou o livro para mim e para a Maira, com quem era casado na época e que
estava comigo.
Sinceramente, não me importei por ela ter me
chamado de André.
O que me importou mesmo é que ela gostou do meu
texto.
Um comentário:
Saudades... André.
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