quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Atenção passageiros com destino à felicidade: esta pode ser a última chamada.

Chega um dia em que você se dá conta de que gastou tempo demais tentando acumular coisas, deixando de lado as pessoas. Que muitas vezes amou mais as coisas do que as pessoas. Você descobre que felicidade é ter um tempo pra brincar com os filhos, com os cachorros ou sobrinhos. Que luxo é poder ir ao cinema no meio da tarde ou sentar pra ler um livro sem ter que se preocupar com o tempo. Luxo mesmo é tirar um dia inteiro pra fazer nada ou namorar – sem culpa. Com o tempo você descobre que chic é ter saúde, paz de espírito, fazer exercícios. Um dia você percebe que gastou tempo demais se afligindo por aquilo que não é eterno, que vai ficar pra trás quando partir. Uma hora você se dá conta de que gastou tempo demais brigando por futilidades, guardando mágoas, remoendo erros do passado, trabalhando demais, acumulando coisas em excesso. Que deveria ter ouvido mais e falado menos. Que um abraço pode curar uma alma. Que a simplicidade é o segredo da elegância. Um dia você acaba descobrindo que carros, diplomas, bens ou status não trazem felicidade. Triste é que muitas vezes essas descobertas são feitas tarde demais, quando resta pouco daquilo que realmente tem valor: a vida.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

On 2


Quando Cláudia pisou pela primeira vez, exatamente às 23h36, no salão principal de baile do 5º Congresso Mundial de Salsa, percebeu que não iria dançar muito. Sim, ali 98% das pessoas dançavam. Para ela, entretanto, dançavam bem demais. Ela se sentiria encabulada de pisar na pista com apenas 6 meses de aula.
— Demais, né?, diz Carla, a amiga, sem perceber a decepção de Cláudia.
— É...

Era o baile de abertura do evento. Cláudia esperava que nos três dias subseqüentes aprendesse pelo menos um pouco em cada jornada de seis horas diárias de aulas, para poder se divertir o mínimo no baile de encerramento.
As duas não sabiam para onde olhar. O salão todo era tomado por casais que dançavam muito, com o corpo todo, salsa dos pés à cabeça. Era bonito de se ver. Ao mesmo tempo em que estava frustrada por saber que pouco dançaria nos bailes, Cláudia encarava tudo como um estímulo para aprender. Queria dançar daquele jeito.
Tão absorta estava nesses pensamentos que, num primeiro momento, ignorou sem querer um rapaz de chapéu pequeno que a convidava para dançar. Saindo do transe, se deu conta do convite, na segunda tentativa do rapaz.
— Ah... eu não sei muito...
— Mas a gente dança o que você souber, disse o rapaz, com um sorriso.
Cláudia buscou o olhar de Carla, que parecia dizer algo como: "Vai, aproveita, o cara é um gato e se você não aceitar eu te mato, aceita logo, sua boba".
Aceitou. Nervosa, começou a dançar antes dele, sem esperar condução. Ele deu uma risadinha e acertou com o passo dela, que estava mesmo no ritmo. O rapaz do chapéu começou de manhã e a conduziu para um "crossbody lead", um passo simples. Ela foi bem. Quando percebeu, Cláudia estava fazendo alguns passos que nunca havia feito. O parceiro conduzia com firmeza, sem precisar de força.
A música acabou e eles pararam pra conversar. Se apresentaram. Ele se chamava Renato e era de Florianópolis. Ela contou que viera de Belo Horizonte.
Nos dias que se seguiram, Cláudia realmente aprendeu alguma coisa. E toda noite tentava explicar a Renato, a quem invariavelmente acabava encontrando no salão, o que tinha aprendido. Ele conduzia para coisas diferentes, e ela correspondia. Enquanto não dançavam, conversavam, e um clima de flerte se estabeleceu pouco a pouco. Ninguém estava ali, afinal, pra paquerar, mas para aprender e dançar. A paquera surgiu naturalmente, quase sem querer, e foi render fruto na parte final do baile de encerramento.
Cláudia e Renato sentaram no chão para acompanhar a final do Brasil Salsa Open, fase nacional do maior campeonato do ritmo no mundo. A esta altura, Carla já havia dado um jeito de ficar com novos amigos para não atrapalhar o possível casal. Enquanto esperavam pelo início das apresentações, entre esquetes bem humoradas apresentadas por um salseiro aposentado que resolvera investir de vez na comédia, saiu o primeiro beijo. Era impossível afirmar de quem partira a iniciativa.
Terminadas as apresentações e a quase eterna enrolação para divulgar o casal vencedor do campeonato, Cláudia e Renato sentiram que era hora de despedidas. A noite havia sido ótima, mas ele precisava voltar para o hotel e terminar de fechar a mala. Seu vôo para Florianópolis partiria de manhã bem cedo. Com um longo beijo, se separaram, levando em seus celulares não só o telefone, mas os contatos de internet.
De volta com Carla, Cláudia pegou um táxi para o hotel. Só acordou no horário limite para tomar o café-da-manhã, terminou de empacotar as coisas, fez o check-out e foi para Congonhas. Sentada em sua poltrona, consultou a agenda do celular e viu o contato "Renato - Salsa" antes de desligar o aparelho para o vôo. Pousando em BH, já pensava se haveria um e-mail do rapaz de chapéu em sua caixa de entrada. Teve uma sensação parecida como a do primeiro baile, aquela de quem esperava mais do mundo.
Depois de identificar sua mala entra as outras dezenas de bagagens de cor preta, resolveu carregá-la sem a ajuda de um carrinho, enquanto ligava o celular com a outra mão, esperando um SMS de Renato. O aparelho apitou. Era mesmo uma mensagem dele, breve e simples.
"Adorei te conhecer. Espero te ver de novo em breve".
No táxi, ela responderia que também havia adorado conhecê-lo e que dariam um jeito de se ver de novo.
Deixando a área de desembarque, ouviu uma voz atrás de si.
— Posso te ajudar com a mala.
Olhou para trás, mas não viu de primeira o rosto de quem ofereceu a gentileza. Sua cabeça estava abaixada e sua face coberta pela aba de um pequeno chapéu. Era Renato. Ele levantou a cabeça e deixou que seus olhos encontrassem com os de Cláudia.
— Consegui mudar minha passagem. Queria muito passar mais um tempo com você. Amanhã de manhã eu volto pra Floripa.
Como a garota não falava nada, ainda assimilando a surpresa, ele completou.
— E então, vamos dançar?
— Com certeza.
E se agarraram em um beijo tão intenso que, para quem olhasse, pareciam dois namorados apaixonados de muitos anos, que não se viam há um bom tempo.

sábado, 17 de novembro de 2007

VIVA LA SALSA!

Olá pessoal,

escrevo direto do 5º Congresso Mundial de Salsa, em São Paulo.
Nos dois primeiros dias, muitas aulas, muita canseira, mas principalmente muita diversão.
Logo vou postar umas fotos do congresso aqui e tb alguns vídeos pra vocês verem. É outro mundo.

Além disso, prometo uma historinha ficcional baseada nas experiências que tive aqui... como de costume. Logo logo tudo tá no ar.

Domingo estou de volta e logo em seguida escrevo o post.
Até.
Daniel Dedo

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Filmes que você tem que ver

  1. Before Sunset (Antes do Pôr-do-Sol)
  2. Before Sunrise (Antes do Amanhecer)
  3. Amores Perros (Amores Brutos)
  4. Lost in Translation (Encontros e Desencontros)
  5. Os Excêntricos Tenenbaums
  6. Pequena Miss Sunshine
  7. Transamérica
  8. Minha vida sem mim
  9. Great Expectations (Grandes Esperanças)
  10. The Straight Story (História Real)
  11. Albergue Espanhol
  12. As Bonecas Russas
  13. Volver
  14. Alta Fidelidade
  15. Pulp Fiction
  16. Babel
  17. Good bye Lênin! (Adeus Lenin!)
  18. Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças
  19. Sobre Meninos e Lobos
  20. Tudo Sobre Minha Mãe
  21. As Invasões Bárbaras
  22. Closer - Perto demais
  23. 21 Gramas
  24. Mar Adentro
  25. Hable con Ella (Fale com Ela)
  26. My Date With Drew (Meu Encontro com Drew Barrymore)
  27. O Filho da Noiva
  28. Obrigada Por Fumar
  29. Elsa e Fred

domingo, 11 de novembro de 2007

Fear

Ninguém é capaz de entender o outro. Ninguém parece disposto a querer entender. Somos atletas que correm sozinhos pela maratona da vida, sem torcida, sem ninguém pra nos receber depois da linha de chegada. Meu ceticismo nas pessoas permite apenas que eu me contente com o que me é dado. Vejo pouco. Suas expressões disformes são insuficientes. Necessito do tato, do gosto e do olfato pra entender quem tenho ao meu lado. Descubro então que não passamos de servos das regras, das horas, das obrigações, das opiniões, dos sentimentos daqueles que não queremos ferir. Nada é natural.

Quanto ao amor, não temos razão de tê-lo. Para amar é preciso sentir o efeito da música, aceitar a imperfeição, permitir os desejos, enfrentar o acaso, entender o absurdo, não ter medo de se entregar. Ninguém parece disposto a se entregar. Tudo é artificial. Tudo permanece sempre igual. Só o que sinto é o tédio da alma, o ridículo de viver sonhando, de sonhar imaginando, de imaginar sentindo como seria viver com saudades desaparecidas, longe do desamparo.

Estudo minuciosamente a complexa geografia da sua mente, o mapa do seu corpo. Aquilo que é visível me permite acreditar que a partida de quem amo não vai acontecer. Ao acordar vou ver o céu azul pela janela, a luz do sol incomodar meus olhos e você ao meu lado perdido em sonhos e lençóis.

Os sentimentos existem, mas se perdem em pormenores, desejos, atitudes, rascunhos, rabiscos, palavras. Falar o que sinto é pleonasmo. Você não passa de um vício sustentado pela minha teimosia. Meus sentimentos são redundantes, supérfluos, inúteis. A realidade é que penso demais, quero sempre a verdade. A verdade é que nem sei mais o que sinto, se penso ou existo. No espelho da minha alma há cores, dores, expressões, formas, sons e nada mais que a imagem distorcida da alegria triste.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Minúcias derretidas

Ela brincava com os cubos de gelo em seu copo como se o mundo ao seu redor tivesse congelado. Isso logo depois daquele ruído característico das últimas gostas de suco que se esforçam para entrar túnel acima.
Naquele momento, seu universo se resumia ao copo e seu conteúdo: uma meia dúzia de pedras geladas e o canudo, instrumento da brincadeira. Talvez pensasse em milhares de coisa da faculdade, nos romances, na perspectiva de fim de ano em família e suas recorrentes alegrias e chateações, na festa de formatura e com quem iria dançar a primeira valsa. Talvez pensasse tanto que, por fim, pensava exatamente em nada, tamanha a concentração em sua distraída brincadeira.
Não percebia que atraía alguns olhares, certamente maliciosos, enquanto esticava os dedos e tentava alcançar uma das pedrinhas. Alguns desses olhares, agora, já haviam se desviado ligeiramente e pousado sobre o celular acomodado sobre a mesa, um celular decorado com adesivos e outros adornos infantis, mas repleto de números de rapazes que conheceu e SMSs recebidos.
Já havia apagado os torpedos dos que tentaram, mas nem chance tinham. Também eliminou as mensagens dos que conseguiram e lhe decepcionaram. Não eram muitos, mas suficientes. Conservava apenas dois tipos: os carinhosos que relia com um sorrisinho de canto de boca, sinal incontestável de polimento no ego, e os que ainda representavam uma perspectiva, oriundos de um ou outro rapaz que precisava insistir. Insistir bem mais. Ela gostava de fazer aquele charme. Gostava de falar que hoje não podia. Se deliciava em estar disponível e inalcançável concomitantemente. Se alimentava das novas investidas.
Alcançou uma das pedras. Puxou com cuidado pelas paredes do copo até a borda e a segurou entre os dedos. Levou-a lentamente em direção à boca, abrindo sutilmente os lábios, agora em um desenho circular. Mas o gelo nem chegou a tocar-lhe a face. Seu gesto, que já provocava alguns suspiros jubilosos em observadores atentos, fora interrompido pelo toque do celular, uma música romântica em inglês cujas palavras desconhecia, mas à melodia adorava. Com a pedra parada no ar, as gotas lhe escorrendo pelos dedos, atendeu à chamada com a outra mão. Trocou poucas palavras. Fechou o flip, despediu-se dos outros ocupantes da mesa e, antes de partir em passos firmes rumo à porta, displicentemente deixou que o gelo caísse no copo, derretendo as expectativas dos olhares ao redor.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Vai cagar - e seja feliz

Acredite. Por incrível que pareça, os intestinos estão sendo considerados como o nosso “segundo cérebro” por médicos e especialistas. Pesquisas recentes demonstraram que grande parte de nossas defesas imunológicas, alguns hormônios e neurotransmissores são fabricados pelos intestinos.

Hoje, sabe-se que 80% do nosso potencial imunológico concentram-se na mucosa intestinal, demonstrando que nossas defesas e vitalidade estão relacionadas ao bom funcionamento dos intestinos.

Outra grande descoberta é que cerca de 90% da serotonina (o neurotransmissor responsável pela alegria e relacionado à sensação de prazer) também é produzido pelo intestino. Com os problemas intestinais, essa produção pode diminuir.

Quando nos alimentamos mal, vivemos estressados ou temos prisão de ventre, acontece a disbiose que é um desequilíbrio da flora intestinal. Nesse desequilíbrio há diminuição da serotonina e aí vem a depressão e o mau-humor. Quando a serotonina diminui, aumenta os radicais livres no intestino, causando doenças crônicas, envelhecimento precoce e aumento de peso.

O cérebro, a pele e o sistema digestivo vêm da mesma origem embrionária, explicando a profunda relação deles com a estética, o humor, a nossa vitalidade e disposição. Quando os intestinos não funcionam regularmente, ficamos com evacuações em atraso, e como conseqüência estas fezes que ficam acumuladas entram em putrefação, causando uma auto-intoxicação, ou seja, liberam toxinas para todo o organismo, principalmente para o fígado, rins e a pele, podendo causar vários problemas que vão desde fadiga crônica, excesso de gases até acnes e celulite.

Outros sintomas de auto-intoxicação são: corpo pesado, enxaqueca, problemas de pele, diminuição da vitalidade, etc. A prevenção destes sintomas passa então por uma introdução de fibras vegetais na alimentação e limpeza intestinal.

Baseado nisto pode-se perceber a importância desse órgão esquecido pela maioria de nós. Então cabe reafirmar que uma dieta anti-oxidante, rica em fibras e alimentos orgânicos, exercícios físicos, limpeza intestinal, pensamentos positivos, meditação e o respeito às características individuais de cada um pode nos levar a uma vida com saúde, longevidade e felicidade.

Fonte: Drº. Tiago Almeida e Drª. Solange, autores do livro “Colonterapia: Reeducação Alimentar, Desintoxicação, Rejuvenescimento” (editora Gran Sol).

domingo, 4 de novembro de 2007

Novembro

a palavra espera é certamente a mais bela. quem espera realmente precisa perder o juízo para viver o improvável, inviável, incerto. mesmo naqueles dias em que os sentimentos inesperados juntam-se à chuva que não cessa e a cabeça pesa. enquanto o coração encharcado questiona se o tempo é mesmo incontrolável. passam-se os dias, meses, anos e apóio a minha esperança na rotina, enquanto a angústia insiste em grudar na retina. meus pensamentos se perdem em rimas numa busca incessante por respostas que expliquem essa ausência. porque a tua simples presença transforma o mundo de desencontros em encontros, suspiros, abraços e beijos. sobram palavras, perde-se a fala e o choro cobre a voz num interminável desejo de te olhar. dobro os joelhos e peço perdão pela minha insensatez em te amar com todos os meus defeitos possíveis confessos. quero ser transparente, escancarar minha mente. preciso deixar de lado os lamentos pelos instantes perdidos, o torturante desejo de completar o incompleto, de agir por impulso, agarrar-te pelo pulso. esperar é minha escolha presente feita no passado que insiste em acreditar que você realmente existe ao meu lado num futuro próximo.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

"Pede pra ENTRAR, senhor zero-dois" (ou "O novo feito do Cap. Nascimento")

Os feitos do Capitão Nascimento são de notória popularidade. O post abaixo, da minha amiga Pri, não deixa dúvidas quanto a isso.

Mas há um feito do distinto capitão do Bope que poucos conhecem, mas é tão significativo (ou até mais!) do que alguns que estão na boca do povo.

O Capitão Nascimento deixou meu pai com vontade de ver um filme brasileiro.

Tá. Não te parece muita coisa? É porque você nunca viu a infundada ojeriza que papai tem pelas produções nacionais.

Acredita-se que tal aversão tenha bases nas pornochanchadas. Covenhamos: muitos filmes deste período não tinham nem pé nem cabeça. E a má vontade com o cinema nacional foi crescendo, de modo que, quando veio a nova fase, ele nem podia ouvir falar em produções brasileiras. A muito e muito custo o convencemos a ver "Cidade de Deus". No cinema, não gostou, mas havia perdido o começo da história. Viu depois na TV e não gostou também.

Mas tanto se falou em Tropa de Elite ultimamente — e tantas foram as piadinhas decorrentes do filme, como as afirmações do post abaixo — que ele se interessou. Pode até ser que o preconceito com os filmes nacionais atrapalhe e que ele não goste da obra. Mas só de ele ter vontada de ver... bom... isso já é, sem dúvida, um dos maiores feitos do Capitão Nascimento.