quarta-feira, 13 de abril de 2011

Estupidez gera estupidez


"Existem apenas duas coisas infinitas - o Universo e a estupidez humana
E não tenho tanta certeza quanto ao Universo."

A frase é de Albert Einstein. O cara era tão genial que nem precisou ver o Brasil de hoje em dia para chegar à conclusão. Se visse, talvez fizesse um adendo: em alguns locais, a estupidez parece proliferar com velocidade viral e ser tão inextirpável quanto o câncer. Phoda.

Pois fazia tempo que não via uma epidemia tão grande de estupidez. E olha que esse país é bom nisso!
Recentemente, dois casos, particularmente, foram catalisadores de opiniões estúpidas: o do deputado federal Jair Bolsonaro e do atirador de Realengo.

Primeiro, o sujeito ali da foto, deputado Bolsonaro, virou o centro de uma celeuma após a participação no quadro O Povo Quer Saber, do CQC. Se você não viu, veja
Muitas respostas foram um tanto estúpidas. Mas, me respondam: quem é mais estúpido, o que fala a estupidez ou o quem responde a essa estupidez com outra ainda maior?

Pois foi isso que vi acontecer. Tirando uma ou outra opinião sensata (leiam a coluna de Hélio Schwartsman), veio uma saraivada de idiotices. Para ficar só em um exemplo, vou pegar um dos poucos pontos em que concordei com o deputado: o das cotas (concordei por crer que cotas geram segregação em vez de igualdade).

A pergunta fala em cotas raciais. O deputado diz que é contra porque todos são iguais perante a lei e completa: "não entraria em um avião pilotado por um cotista nem aceitaria ser operado por um médico cotista". Pronto. Armou-se o circo. Não faltou quem usasse essa frase para falar de racismo. "Ou seja, ele não entraria em um avião pilotado por um negro nem aceitaria ser operado por um médico negro", chegaram a dizer na TV.

Pois eu pergunto a essas pessoas: se o piloto ou o médico fosse negro, mas NÃO cotista, ele toparia as situações? Ou se o médico fosse branco, mas COTISTA, ele aceitaria? (Espero que as respostas sejam tão óbvias quanto a diferença entre os termos negro e cotista.)

Para completar, agora, nessa semana, vejo entrar em voga, de novo, o tema do desarmamento e a possibilidade de uma consulta pública sobre a proibição da venda de armas no Brasil. Um referendo sobre o tema foi realizado há menos de seis anos. O que reacendeu o tema? Uma escalada na violência urbana feita com armas legais, compradas em lojas autorizadas, documentadas, tudo certinho?

Não. O que trouxe de volta o assunto foi o caso isolado - gravíssimo e de uma tristeza sem fim, mas ainda assim isolado - de um atirador muito possivelmente perturbado que promoveu uma chacina em uma escola do Realengo, no Rio. E que comprou suas armas no mercado negro.

Pergunta, mais uma vez: a proibição legal teria impedido o acesso do atirador aos seus revólveres ou impedirá que qualquer pessoa mal intencionada consiga uma arma? Preciso mesmo responder?
(Importante: não tenho ainda uma posição pessoal definida sobre o tema, mas definitivamente não é um caso como esse que me tornará um defensor da proibição). 

Combater a estupidez seria, por si só, estúpido. Ela é infinita, lembra?
O bom é que tem vacina. Não erradica o mal, mas previne.
E a vacina é antiga conhecida. E gratuita: basta fazer perguntas. Perguntas a si mesmo.

Pensar um pouco não dói.
E se achar que dói, tem um conselhinho simples muito difundido (ainda que eu não tenha descoberto seu autor):
Melhor ficar calado e pensarem que você é um idiota do que abrir a boca e acabar com as dúvidas.
E quer saber mais? Calado, é possível passar por intelectual pensador e introspectivo.

#ficaadica, estúpido.