quarta-feira, 9 de abril de 2008

melancolia

Para atravessar abril é preciso antes de mais nada fé. Eu preciso de muita fé e viver cada dia sem ser esmagada pelo rolo compressor chamado lembranças. Abril é o mês em que, mesmo que nada de mau aconteça, meu mundo psicológico vem abaixo. Abril e dezembro estão na mesma escala de épocas mais difíceis e deprês do ano. Mas em abril... meu mundo se fecha. Eu bem que tento ficar distraída, me concentrar no trabalho – quando se tem um – e fazer de conta que foi ontem que escrevia mil novecentos e alguma coisa em algum documento que assinava. Puta que pariu, já é quase 2010, como pode isso? Para enfrentar abril também é preciso afastar da mente o lixo mental, emocional, psicológico. Só Deus sabe como minhas angústias de abril este ano estão à flor da pele. Apesar que, pra quem não tem alguém que te espera em casa quando você teve aquele dia de trabalho cão, tanto faz se é abril, julho ou dezembro...

Angústia do mês quatro é coisa minha, é quando me enfio num balanço dos doloridos pés na bunda, dos patéticos amores desfeitos. Sim, para atravessar abril, ter um amor seria importante, mas eu nunca consegui. Quando cheguei perto, ele partiu, sem o menor pudor, sem pena. Pra encarar abril vou inventar então um “amor-faz-de-conta” – pois só nos “faz-de-conta” da vida é que eles existem - com mãos dadas, suspiros, juras de amor, projetos, abraços, carinhos nas costas e beijos, muitos, bem molhados.

Amores perdidos, amigos distantes, crises familiares, lembranças amargas. Como não se lembrar dos que se foram, desejar o que não se teve, lamentar o tempo desperdiçado, sonhos assassinados, esquecer o ex-namorado, a frustração profissional, as feridas à bala curadas com band-aid??? Não é fácil ver abril passar sem me fechar num mundo sombrio onde as desgraças sociais e pessoais me dão a impressão de serem maiores do que são. Já pensei em aprender violão, massotarapia, iôga, estudar astrologia, um novo idioma... Coisas assim, quem sabe, me levariam à alienação, ao esquecimento.

Sei lá, o que acontece quando acrescento mais um ano de existência nesse mundo cheio de interrogaões. Só sei que estou, mais uma vez, atravessando abril com um nó na garganta, um tijolo no peito e uma eterna companhia chamada saudade. Saudade do que já se foi, do que nunca vai ser e principalmente, do que poderia ter sido.

Ai que horror, isso é está tão depressivo que vou mudar de assunto já. Vou fazer de conta que ainda escrevo mil novecentos e alguma coisa em algum lugar e que ainda tenho um futuro brilhante pela frente e que um dia, um dia, um dia, eu vou ficar eufórica em ver abril chegar.

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Ps. Esse, finalmente, é meu último post aqui. Quem quiser me encontrar estou no http://maionesetrip.blogspot.com/ Valeu pessoas. FUI!