quinta-feira, 30 de agosto de 2007

(Quase) tudo ficcional


"Eu queria ter tido mais tempo pra te paquerar".
Depois de dizer isto, Paulo afrouxou seus braços e sentiu os de Daniele no mesmo movimento. Alguns segundos de abraço apertado na medida certa e aquela frase encerravam a noite para os dois. Sem mais romances, sem beijos, sem despedidas demoradas. Nem havaria por que.
Paulo chegou tarde ao La Pedrera, tradicional casa de forró de Florianópolis. Olhou em volta e logo avistou um bom motivo para abandonar a dupla de amigos que o acompanhava. Era uma garota simples, que talvez não chamasse atenção de um homem mais desatento. Mas não dele. Aquela simplicidade carregava algo diferente, uma beleza implícita nas pequenas coisas, um charme embrenhado em cada cacho de seus cabelos avermelhados. Era pequena em estatura e porte, mas mesmo assim não deixava de ser um art-nouveau da natureza, como diria Djavan. Um olhar miúdo e um sorriso cativante. Atraente em cada sarda do rosto claro. Não era uma orquídea rara, mas uma begônia de tons tãos singulares que dá vida ao ambiente.
Paulo a tirou para dançar. Descobriu seu nome. Se deleitou com aquele momento tão especial em sua simplicidade. Depois dançou com outras pessoas, conversou, bateu papo e cedo resolveu que precisava ir embora. Um dos amigos, já ébrio de antemão, agora requisitava cuidados. Resolveu dançar sua última música e a escolha não poderia ser outra senão Daniele.
A dança, o abraço, a frase.
Pouco antes da despedida, só o tempo para trocar contatos de internet. Paulo iria embora para o interior de São Paulo dois dias depois. Daniele deixaria Florianópolis ainda naquela madrugada e voltaria para sua cidade, Balneário Camboriú.
E tudo terminaria aí, se a aura de charme de Daniele não tivesse se impregnado no fugaz parceiro de dança.
O contato, depois disso, foi esporádico, quando o acaso os colocava na mesma hora no messenger. Sete meses depois, no aniversário de Daniele, Paulo resolveu escrever o que sentia.
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Olá Dani...
pode parecer exagero te mandar recado no orkut, SMS (vc recebeu?) e e-mail pra te dar os parabéns, mas vc vai ver que não é.
O orkut é o registro público de minhas felicitações. O SMS é o meu recadinho particular pra vc. E o e-mail... bom... o e-mail tem capacidade para que eu escreva bem mais coisas que eu quero te dizer.
Eu ainda não entendi como 10 minutos de sua companhia me deixaram tão fascinado. A melhor hipótese que posso formular é a de que você tem algo que, ao menos pra mim, brilha como especial. Naquela viagem eu conheci muita gente. Naquela noite eu dancei e papeei com outras garotas.... mas por que eu fiquei com você na cabeça? Hehehehe!
Não é nada de mais... mas... de lá pra cá, aquele desejo de "ter mais tempo para te paquerar" só me instigou, fez crescer minha vontade de voltar a Floripa, de conhecer Balneário Camboriú, de ir até a praia dos Amores... me fez querer passar mais algum tempo ao seu lado. Ressalto: não é nada de mais... não é que eu queira largar tudo e mudar para o Sul só pra ficar perto de você... mas é o desejo de ficar pelo menos algumas horas, alguns dias, descobrir coisas que você gosta além de forró e meias quentinhas para dormir, te tirar pra dançar, sentir a textura dos seus cachos outra vez (adoro cabelos cacheados!), ir a um bom restaurante com uma boa vista (e obviamente dizer ao final que é por minha conta), brindar com alguma bebida que tomemos juntos, conversar, conversar, conversar... e, claro, te paquerar pra valer e, havendo clima, te beijar de um jeito que deixe, pra nós dois, um eterno gosto de "quero mais".
Hoje, especialmente, eu queria estar perto de você, se não pra tudo isso, pelo menos por outros 10 minutos, o suficiente para te dar um abraço que expressasse toda a felicidade que te desejo no seu aniversário.
Que você tenha um dia maravilhoso.... e não só o dia: a semana, o resto do ano, toda sua vida.
Feliz aniversário, linda.
Beijos de um rapaz que, daqui de longe, te deseja tudo o que há de melhor.
Paulo
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Depois de 48 horas, Paulo ainda espera a resposta. Do outro lado, Daniele não sabe o que escrever.
E nenhum tem a mínima idéia se conseguirá ver o outro de novo algum dia.

Simplicity

“Sabe o que eu gosto tanto da Winona Ryder? É que ela parece tão normal, tão simples, tem uma beleza quase imperceptível. E, ao mesmo tempo, é tão angelical. A Winona não parece inatingível como as outras estrelas do cinema.

Acho que é mais ou menos assim com a vida. Quero dizer, a gente sempre acha que o que nos vai fazer feliz é o inatingível, é o exagero. Mas são as coisas simples que nos fazem mais felizes, não acha?”


terça-feira, 28 de agosto de 2007

“Pra inglês ver”

Quando eu trabalhava no período da manhã (entrava às 7h) era muito comum encontrar as pessoas dormindo nos ônibus. Imagino que sejam pessoas que acordem cedo pra caramba! Mas é algo muito bizarro. Aqui em Curitiba existem tubos, onde os passageiros descem. Têm também os terminais. Mas o ônibus pára, e lá estão alguns seres sossegados, dormindo. Alguns com a boca aberta, outros só faltam roncar. Eu mal consigo dormir no carro, ou em ônibus quando viajo... Imagine na condução em pleno dia de trabalho (sem falar que babo!).

Esses dias eu estava procurando a letra de uma música na Internet quando me deparei com uma invenção inacreditável. Um site inglês vende adesivos criados para essas pessoas que tiram um cochilo pesado no busão. Chama: “Wake me up at” – “Me acorde em”... (veja o link aqui, não estou mentindo!).

Dependendo do lugar em que você precisa descer ou alguma situação que possa acontecer, você cola o adesivo em algum lugar visível do seu corpo e quem sentar ou estiver ao seu lado pode te dar uma mãozinha. Os adesivos contém pedidos como:

Me acorde se...

"Eu deitar no seu ombro"
"Se eu roncar"


Me acorde...

"Na rua Baker"
“Na estação Waterloo”

Na embalagem diz algo assim:

“Não importa se você teve uma noite pesada ou apenas um dia difícil no escritório, esses adesivos vão manter você seguro e alerta. Cada pacote contém duas folhas de adesivos com as paradas mais freqüentes do metrô. O pacote também traz adesivos em branco para você escrever o que precisar...”


O mais engraçado é o aviso no pacote: "Não remove mal-hálito"

Já pensou um negócio desses aqui no Brasil?

Me acorde se...

“Se eu estiver sendo assaltado”
“Se levarem minha bolsa”
“Se eu babar em você”
“Se eu colocar minha mão na tua perna”


Outra vez a dança

Foi só falar em dança aqui que uma jornalista amiga minha me liga querendo me entrevistar. "Pergunta básica: como a dança mudou sua vida?", disse ela. Em parceria com outra jornalista, saiu uma reportagem deliciosa de se ler, publicada no Diário da Região de 26 de agosto de 2007, e republicada, em parte, aqui, com os devidos créditos.

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Show na dança, show na vida

Andrea Inocente e Ariana Pereira

Helena não podia andar pois teve poliomielite na infância. Aurora estava com depressão profunda. Daniel havia acabado de perder a mulher. Mas a vida deles se transformou após os primeiros passos apreendidos em cursos de dança de salão. Helena, mesmo de cadeira de rodas, apreendeu a dançar e hoje compete. Aurora jogou fora os antidepressivos, agora dança pelos menos três vezes por semana. Daniel não perde uma aula e o sofrimento causado pela morte da esposa é esquecido enquanto rodopia e conduz as colegas de aula pelos salões e casas de dança.
Segundo o professor Guto Rodriguez, pelo menos 99% dos alunos que entram para um curso de dança sofrem mudanças positivas. "Ganham mais folêgo, passam a se valorizar mais, a se vestir melhor. A mulher fica mais graciosa e o homem mais confiante." Foi assim com as aposentadas Aurora Munhoz Parmigiani, 65 e Célia Monteiro dos Santos, 59, alunas de Guto há mais de cinco anos. "Eu me encontrei na dança, joguei todos os remédios fora. Para os jovens que pensam que é uma atividade para velhos estão enganados. Venham dançar, vocês vão olhar a vida de outra maneira", diz a primeira. O casal Waldemar Ruiz Romero, 77 e Luzia Lamis Romero, 68, é outro exemplo de que a dança pode mudar a vida. Foi nos salões, entre um passo e outro de tango, que a paixão de um casamento de 10 se reacendeu. "Ficamos mais próximos", afirma ele.
Também foi por meio da dança de salão que o jornalista Daniel Cardoso Martins, 27 anos, conseguiu amenizar a falta da esposa, que faleceu em maio do ano passado. "Comecei a fazer as aulas em agosto para ocupar parte do tempo que passava com ela. A dança foi uma renovação." Mas não são somente os passos que compensam para quem opta pela dança: os relacionamentos estabelecidos a partir da prática também são marcantes. "Uma coisa bacana é que não só a dança faz bem, mas o meio no qual costumamos dançar. Em um ano, fiz muitos novos amigos porque comecei a sair para praticar", afirma Martins.
O professor de dança de salão Fernando da Silva Ferreira, 29 anos, afirma que já perdeu a conta de quantos alunos mudaram de vida ou se recuperaram de traumas devido à prática. "Tenho vários alunos que tinham problemas de depressão, mas conseguiram superar a dor por meio da dança. A estrutura psicológica da pessoa muda completamente. Eu acredito no poder que a dança tem para mudar a vida dos que a praticam", afirma Ferreira.

Cadeirante participa de competições
Aos 10 meses de idade, a estilista rio-pretense Helena Prioste Pimenta, hoje com 73 anos, teve poliomielite, doença que causou a paralisia de suas pernas e a colocou para sempre em uma cadeira de rodas. "Até tentei andar com muletas e andador por um tempo, mas caía muito, me machucava, vivia engessada", afirma. Há aproximadamente 10 anos, Helena decidiu que queria se exercitar. Primeiro tentou o basquete em cadeira de rodas. "Mas sempre me deixavam na reserva. Sabe como são os homens, né? Eles que mandam no time, se bem que eu não jogava muito bem mesmo", diz.
Depois Helena foi fazer natação. "Aprendi a nadar todos os estilos, mas de uma hora para outra fiquei com medo de água e desisti." Foi quando a estilista decidiu que queria dançar, mas o novo obstáculo no caminho foi encontrar um professor que aceitasse o desafio de ensinar os passos a alguém em uma cadeira de rodas.
"Todas as academias que eu procurava ou professores que consultava me olhavam como se fosse louca. Acho que pensavam: como essa 'aleijada acha que vai dançar? Coitada!' Mas eu tinha certeza, ia dançar sim. Tanto que hoje até participo de competições não só em Rio Preto, mas em várias outras cidades", afirma. As aulas de dança de salão começaram quando Helena conheceu o professor Guto Rodriguez, que fez até cursos de especialização para ensinar à aluna os passos dos principais ritmos de dança.
"Tenho aulas duas vezes por semana e sempre que há uma festa lá estou para dançar. Adoro, a dança mudou minha vida", diz a estilista. "Ela ficou mais vaidosa depois que começou a dançar. Deixou o cabelo crescer, passou a fazer vestidos para cada coreografia ensaiada, a se maquiar. Está mais feminina e muito mais confiante", afirma o professor.
Em novembro, se o casal conseguir patrocínio - só falta o dinheiro para as passagens aéreas de ida e volta de Rio Preto a João Pessoa, na Paraíba - vai competir no Campeonato Brasileiro de Dança em Cadeira de Rodas. "Nos classificamos para a competição ao ganhar uma mostra de dança no ano passado. Já conseguimos hospedagem e alimentação, mas os R$ 1,4 mil para as passagens ainda não. Se não conseguirmos o patrocínio não temos como participar da competição", afirma Guto.

Dois sonhos, duas trajetórias de sucesso
Para Marcelo Reis de Oliveira, 30 anos, e Fernando da Silva Ferreira, 29 anos, a dança é muito mais do que passatempo. Foi ela que possibilitou uma mudança radical no estilo de vida que levavam. Além de parâmetros psicológicos, os passos na pista influenciaram no jeito de viver desses rapazes.
"Eu vivia na periferia da cidade. Desde muito jovem me envolvi com a dança por meio do Hip Hop. Infelizmente, na turma com a qual eu praticava o estilo tinha gente ruim também. Muitos amigos daquela época ou morreram por causa de drogas ou estão presos", lembra Oliveira.
A necessidade de trabalhar e conseguir sobreviver fez com que Oliveira se afastasse do Hip Hop por um tempo. Mas a dança já havia lançado raízes no interior do rapaz. Durante o período em que trabalhava em uma empresa de metalurgia, Oliveira engajou-se em um grupo que praticava dança de salão.
"Me envolvi ainda mais com a música. Ela começou a tomar conta do meu tempo e fiz o possível para ficar cada vez mais próximo dessa realidade. Mudei-me de casa, para morar mais perto da academia na qual praticava. Isso me ajudou a sair do meio sem muitas opções em que vivia", afirma. A dança tomou conta de tal forma da vida de Oliveira que, aos 25 anos, escolheu deixar tudo e tornar-se professor.
Foi por meio dessa oportunidade que decidiu voltar a estudar e, no fim desse ano, vai formar-se em Educação Física. "Muitos momentos marcantes da minha vida eu devo à dança. A primeira vez que vesti um terno foi proporcionada por isso. Eu fui assistir a apresentação de uma orquestra. Nunca imaginei que, do lugar de onde eu vim, eu teria uma oportunidade dessas." Mudança também é sinônimo de dança para Ferreira. Acostumado ao trabalho pesado de lavouras, os passos leves conquistaram o rapaz depois que ele presenciou uma apresentação de dança. "Quando vi aquilo decidi entrar para um curso. Foi o suficiente para me dar mais auto estima e motivação pela vida." Aos poucos, o exagero nas bebidas deu lugar ao passos aprendidos nas aulas. A lavoura de cana-de-açúcar foi substituída pelos salões de dança, o lavrador virou professor. "Eu acredito que a dança pode lapidar o que há de bom nas pessoas. Estou buscando me aperfeiçoar sempre e, a partir do ano que vem, começo no curso de pedagogia. Quero dar às crianças a mesma oportunidade que eu tive por meio da dança", afirma Ferreira.

domingo, 26 de agosto de 2007

Dor-de-cabeça

Ouvi hoje na TV:

- “Pegue dois celulares e ligue de um para outro, deixe os dois ‘conversando’ por 10 minutos, um na frente do outro e, entre eles, coloque um ovo. Veja o que acontece. O ovo vai fritar”.

Será verdade? Se alguém descobrir me conte! Sinistro.


quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Qualquer um pode

O barzinho é simples, porém aconchegante. Meia-luz, bons músicos no palco. O que me chama a atenção são as pessoas que se concentram ali naquele espaço de onde parece que mesas e cadeiras foram arrancadas, abrindo uma clareira de chão liso e escurecido, um piso espalhado feito cimento queimado.
Calculo entre 16 e 20 pessoas. De oito a dez casais. Fácil como caminham, se movem com graciosidade e, abaixa daqui, vira dali, retorce de lá, criam nós corporais que desafiam a percepção do observador menos acostumado.
Não me atrevi a perder o contato com a minha cadeira. Não ousei tocar o solo da dança, nem mesmo para tentar. Que erro o meu.
Anos mais tarde, entrei na de dança. E descobri a verdade: a única pessoa que pode lhe impedir de dançar é você mesma. Simples como um dois e dois. E os befefícios são enormes.
Primeiro, é divertido. Relaxa, espairece. Segundo, é um exercício físico. Na soma, faz bem ao corpo e à alma.
Sei que os homens são mais resistentes. Aí vai um argumento cabal: não existe uma maneira mais fácil de abordar uma garota do que convidá-la para dançar. O convite dificilmente é recusado. Aceito, é preciso fazer sua parte. Dança zero, nessa hora, demonstra a farsa e revela intenções descaradamente. Você pode até se sair bem se jogar com bom-humor, mas se dançar pra valer (ou seja... se fizer com que ela dance junto com você), já terá valiosos pontos.
Às mulheres que titubeiam um elogio sincerícimo: enquanto dançam, vocês se toram ainda mais charmosas e atraentes e são mais admiradas.
O recado é: dance! Mesmo que você se considere a maior tábua viva do planeta. Dance. Qualque professor que você vê aí no Dança dos Famosos começou do dois e dois. Qualquer um pode. Até você.

domingo, 19 de agosto de 2007

Cada um na sua, mas sem nada em comum!

O mundo deve andar mesmo pobre de originalidade. Ou será que as pessoas acreditam que estão sendo criativas inventando coisas assim, como posso dizer, pasteurizadas? Hoje é assim, tudo é uma coisa só, uma coisa só pode ser muita coisa.

Consegue imaginar o Pearl Jam gravando um CD dance, de música eletrônica? Ou talvez o falecido Renato Russo cantando um pagode? A Britney Spears em uma performance sacra ou o Pavarotti mandando ver num Hip Hop? Eu não, me desculpem.

Semana passada vi duas coisas sinistras. A primeira foi uma tal de “Rave Sertaneja”. Fiquei pensando: “Uma coisa é coisa, outra coisa, é outra coisa”. Não, agora tudo é uma coisa só. Bom, quem tiver Orkut pode linkar aqui e dar uma espiada ou aqui . Então, no mesmo dia, assistindo ao jornal do almoço, não é que me passa uma matéria sobre uma Rave na mais tradicional festa de peão de boiadeiros do país (Barretos)? O vídeo não está disponível, mas quem quiser conferir o texto da matéria é só clicar aqui . E por aí vai, hoje em dia aparece de tudo, até “balada gospel”.

Acho isso muito tosco. A galera vai na onda do que está na moda e parece que as coisas vão perdendo suas características próprias, sua essência! Respeito todos os estilos, cada um ouve o que quiser, mas não curto essa padronização cultural. Continuo achando que uma coisa é uma coisa e outra coisa, outra coisa.


terça-feira, 14 de agosto de 2007

Eu também tenho...

Há umas semanas eu li um artigo da Soninha para uma revista em que ela falava sobre defeitos difíceis de confessar, especialmente a inveja. Aquilo mexeu muito comigo, pela primeira vez eu vi alguém reconhecer que tinha inveja. Tudo começou quando ela assumiu em um programa de televisão que tinha inveja. O tema da discussão era “defeitos que as pessoas não gostam de confessar”. Ela decidiu então mostrar esse seu lado horrível. Depois a Soninha escreveu sobre isso para a revista que li. Hoje pensei muito sobre isso e resolvi escrever sobre coisas que não gosto de confessar, mas acredito que assim eu possa, de alguma maneira, “me curar” desse mal.

Acredito que a minha inveja nunca tenha sido violenta, a ponto de me fazer outra pessoa sofrer amargamente. Mas me machucou muito. Inúmeras vezes na minha adolescência, ou até mesmo hoje, me pegava pensando com amargura: “Por que fulana e não eu?”. “Por que fulano tem e eu não?”. “Puxa, eu também quero, eu mereço!”

Quando era adolescente, morria de inveja das minhas amigas que podiam sair e chegar de madrugada (o que seria, na época, qualquer coisa depois da meia-noite). Eu sofria tanto por meu pai não me deixar sair ou toda vez que queria ter que enfrentar uma guerra, que desisti de sair com as amigas. Então, quando alguém me perguntava por que eu não saia eu disparava: “Não gosto de sair, prefiro ficar em casa lendo um livro ou assistindo a um filme”. Claro que essa não era a verdade. A mesma coisa foi quando elas faziam suas viagens para Disney ou seus books de 15 anos. Como eu sofri nessa época. Sentia-me a mais excluída da face da Terra. Dizia, me lembro, que antes de viajar para outro país queria conhecer o Brasil e que book era coisa de menina fresca – dinheiro jogado fora.

Na faculdade, morria de inveja de quem não estudava, não freqüentava as aulas e ia bem nas provas. Eu assistia a todas as aulas, fazia mil anotações, enchia cadernos e blocos com cada respiração dos professores. Depois estudava dias a fio para tirar as mesmas notas que muitos que passaram metade do curso enchendo a cara no bar da frente da faculdade. Como me incomodava alguém ser capaz de fazer o que eu não podia.

Depois da faculdade me torturei inúmeras vezes quando minhas amigas começaram a se casar. Aquela conversa de festa, decoração, viagens e presentes me viravam o estômago. Eu tentava desvalorizar o que não estava ao meu alcance: “Onde já se viu meninas se casando tão novas?! Eu quero aproveitar muito minha vida”. Convencia-me de que não passavam de um bando de crianças iludidas e fúteis.

Depois, ao cair no mercado de trabalho, uma derrota atrás da outra, um emprego medíocre depois do outro, só decepções depois de anos se preparando para ser alguém, lá estava eu com minhas idéias. Consumia-me em pensamentos do tipo “ela está saindo em férias para a Europa, do emprego da melhor emissora do Estado e eu estou morando de favor no apartamento de um quarto de um amigo que mal conheço”. “Ele está trocando de carro pela terceira vez desde que saiu da faculdade, um ano antes de mim, e eu estou indo trabalhar a pé e debaixo de chuva”. Então eu tentava transformar todo aquele sentimento em orgulho: “Imagine, ela nunca vai saber o que é batalhar por alguma coisa”. Ou: “Eu não gosto mesmo de dirigir. Ninguém merece enfrentar esse trânsito de Curitiba”.

E quando as amigas ou conhecidas começam a ter filhos?! Que pavor! Lá estou eu com minhas estratégias: “Ainda bem que eu nunca tive filhos. Não tenho paciência com crianças e muito menos preparo psicológico pra ser mãe. Quero crescer na vida profissional (que anda um fracasso) primeiro e depois vou pensar nisso”. Como me incomoda alguém ter o que eu não posso ter.

Inveja é realmente um sentimento péssimo. Como disse a Soninha no artigo dela, também não acredito que a maldita inveja faça mal a quem é objeto dela, aquela coisa de “mau-olhado”. Faz, sim, mal ao sujeito da inveja. No caso, a mim mesma. Vai corroendo por dentro, machuca, dói. Até ler esse artigo eu nunca tinha tido noção de como ela é incômoda, de como é difícil reconhecer sua presença. Ninguém teme ao dizer que tem ciúmes ou raiva de alguém. Já a inveja... Quem quer dizer que tem?

Tenho que reconhecer que esse “sentimento de injustiça” muitas vezes me joga no chão, como hoje. Não é fácil. A Soninha começou a brincar com ela. Para ela confessar a dor-de-cotovelo a torna menos latejante. Eu ainda estou dando os primeiros golpes contra esse emaranhado de emoções que misturam o sentimento de fracasso e inveja. Será que alguém é completamente feliz? Será que alguém é completamente livre de inveja? Que atire a primeira pedra quem nunca sentiu isso.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Ex-desaparecidas

Caso 1

Primeiro ela saiu do orkut.
Depois, virou raridade do MSN.
Na seqüência, começou a publicar posts no seu blog a intervalos cada vez maiores, até que um dia parou de publicar.
Como se não bastasse, deixou de responder e-mails.
Seu celular só dava caixa postal. Não havia retorno de SMSs.
O blog, então, saiu do ar. O blog que era uma espécie de paixão dela. Saiu do ar.
Começo a ficar preocupado. Será que algo lhe aconteceu?
Uma amiga passa a responder os e-mails por ela.
O último recurso foi o telefone de casa. A mãe atende, mas ela não está. Dias depois, não está de novo. Não retorna a ligação.
Bom, ao menos ao que tudo (ou a mãe) indica, ela está bem. Mas por que não fala comigo?
Será que eu errei ao tentar conhecê-la pessoalmente? Entidades virtuais devem permanecer em planos virtuais? O que teria acontecido àquela garota com nome de anjo e apelido gelatinoso?

Caso 2

Outubro, uma única noite. Entre todas as dançarinas da casa, só uma se destaca aos olhos deste observador, que, ainda iniciante, não ousa convidar-lhe para bailar. Não a ela, exímia, professora da tal arte. Busco, ao menos, trocar algumas palavras. Não há pretexto para iniciar o papo. A oportunidade não surge. Não ali, mas um pouco mais tarde. Da casa de dança, um grupo vai para um restaurante/lanchonete. Vou também. Observo as mesas juntas para receber o pessoal e armo o esquema para que ela sente perto de mim. Dá certo. O papo é bom. Trocamos endereços de e-mails. Depois trocamos e-mails. Depois seu namorico vira namoro e ela some. Não sai mais pra dançar. Desaparece. Os e-mails cessam.

Caso 3

Outra casa de dança. Peço licença à parceira oficial da noite para gafieirar com outra garota. Termina a música e a parceira oficial não está ali, na beira da pista, onde havíamos nos separado. Tampouco está na pista. Também não está em volta dela.
Procuro na parte externa da casa. Olho nas mesas, na área de dança, nos bancos. Nada. Volto à parte interna, olho em meio às rodinhas dos conhecidos. Nada. Decido dançar outra música, com outra parceira, mas meus olhos não ficam nela. Ficam em volta, à procura de um traço da parceira oficial. Ainda nada.
Começo a procurar em lugares improváveis. Formulo teorias. Não tenho idéia de quanto tempo se passou, mas sei que foi muito, bastante. As pessoas me perguntam se eu já encontrei e eu digo que não. Calculo se ela poderia ter ido embora, mas o volume das chaves de seu carro em meu bolso derruba a hipótese. Dou outra volta pela casa. Nada, nada, nada.

Reaparições
Enfim uma ligação deu certo. No dia de seu aniversário, a garota do primeiro caso atendeu pessoalmente ao telefone para receber os parabéns. Explicou os desencontros e tudo se encaixou.
Dias depois, em meio a uma dança em que há troca de parceiras, a garota do segundo caso surge inesperadamente, num tempo suficiente para um cumprimento até a proxima troca. Mais tarde, explica que o namoro havia virado noivado e que o noivado havia acabado. Ela voltara. E me concedeu ainda a última dança da noite, um samba de gafieira cujos passos ainda eram menos que meros esboços em nosso primeiro encontro.
Isso ocorreu minutos depois de a garota do casos três reaparecer, simplesmente "out of nowhere", como se tivesse se ausentado apenas uns minutinhos para bater papo com uma amiga ou ir ao banheiro. Contou que havia virado psicóloga acidental de uma pessoa que acabara de conhecer. Não viu o (longo) tempo passar.

Três reaparições em uma única semana. Espero que seja um bom sinal.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Don´t Give Up

Sim, virão dias difíceis, mais cedo ou mais tarde. Cada dia que passarmos nessa Terra, estaremos sujeitos a constantes transformações. Muitas vezes em meio à falta de perspectivas, parece que voltamos a ser crianças indefesas, com nossas carências nem sempre explicáveis. Passaremos por momentos em que vamos caminhar meio às cegas, avançando um pouco, parando outro pouco. Entre erros e tentativas, seguiremos tateando entre os desafios. Muitas vezes os caminhos vão parecer traiçoeiros demais, seremos expostos a fatalidades e imprevistos contra os quais nada nem ninguém poderá nos defender, e nesses momentos vamos precisar erguer uma fortaleza, feita com materiais brutos, de qualidade.

Construir uma casa requer esforço e paciência. Tijolo por tijolo, cimento, pedras, encanamento, janelas, portas e acabamento. Tudo ao seu tempo. Não podemos pular etapas. Pensamos, decidimos. E assim vamos construindo um ser humano. Esse eu, nós, eles. Muitas vezes, com a casa pronta, forte e inabalável, as paredes poderão parecer tortas, algumas rachaduras vão surgir, goteiras aparecerão inesperadamente. Mas é assim mesmo. Nunca teremos férias desse trabalho. Viver requer um empenho diário para que a nossa casa não desabe.

Em dias de chuvas de equívocos, quando desabarem sobre nós os sonhos desfeitos, palavras duras, a frieza do outro, a angústia da carência, a superficialidade dos relacionamentos, as tentativas frustradas, a falta de dinheiro, a saúde abalada ou a dor da perda, teremos que estar prontos para reparar as frestas da inquietação, da insegurança e não permitir que as águas da indiferença inundem e destruam nossa casa. Encontrar um responsável por nossas tragédias pode parecer fácil. O pai ou mãe, amigos ou amores desfeitos, o irmão agressivo, a falta de oportunidade ou o abandono. Mas nada disso vai resolver nosso problema. Nos resta apenas reconhecer nossa humanidade, nossas fraquezas naturais e falta de coragem. Nos resta pegar as ferramentas que temos e trabalhar.

E em meio aos destroços do silêncio precisamos ouvir. Há uma voz que diz que não podemos parar ou deixar a vida nos levar. Precisamos participar dessa história, definir quem somos, quem queremos ou precisamos ser e buscar aquilo que merecemos ter.Mudar aquilo que pode e precisa ser mudado. Vamos tirar as ferramentas da caixa.

Essa vida é assim mesmo. Feita de encontros e desencontros, alegrias e lágrimas, perdas e vitórias. Não se pode ganhar sempre, mas não precisamos viver derrotados. Um dia caímos, outro dia teremos, sim, força para levantar. Ao mesmo tempo em que criamos nossas fortalezas, também precisamos construir pontes que nos levem ao encontro daquilo que também é bom, e nos espera em algum lugar. Não podemos desistir, cruzar os braços ou sentar e chorar. Vamos prosseguir.

Vamos construir nossa ponte rumo ao amor verdadeiro, à vida com sentido. Curar essa doença chamada futilidade que nos corrói com o seu excesso de passividade e conformismo. Precisamos buscar a sabedoria e a paciência. Dar-nos o direito de ter um pouco de inocência, de imaginação, de viajar, nos reciclar, acreditar e sonhar.

Somos responsáveis por nós, por nossas escolhas, por essa bagagem que carregamos todos os dias, muitas vezes com peso desnecessário. Precisamos aprender a abandonar aquilo que não é necessário nem valioso para nossa alma. E não olhar para trás. Assim alcançaremos a liberdade. Assim, tenho fé, encontraremos a tão procurada felicidade.

(Inspirado em Lya Luft)

sábado, 4 de agosto de 2007

O que me faz feliz?

Casa da mãe, ouvir música e levantar o braço para dançar
Viajar sem rumo, uma taça de vinho, incomodar o vizinho
A rua movimentada, praia no verão e olhar o mar

Chocolate, um beijo, goiabada com queijo
Ter um bom motivo pra não dormir, não ter hora pra acordar
Matar a saudade, música no violão e chorar sem razão

Correr no parque, criança sorrindo, água com gás
Um poema, uma conversa boa, café expresso
Cachorro, gato e fotografia à toa

Banquinho de praça, carinho nas costas, comida de graça
Sexta-feira à toa, gente estranha, teatro de rua
Sentir o vento, olhar o céu e contar estrelas

O sol no dia frio, um abraço no dia triste, cinema a dois
Arroz com feijão, pão com ovo, leite de colher
Namorar o dia inteiro, a noite inteira, a vida toda

Um dia normal, alguém especial, rir sem razão
Lembrar da infância, falar besteira, cheiro de pão
Banana com Neston, pijama velho e seriado na televisão

Norah Jones, Diana Krall, Regina Spektor
Bono Vox, Eddie Vedder, Chris Martin
Hugh Laurie, Rodrigo Santoro e Cartier Bresson

Abraço apertado, capuccino gelado, beijo roubado
Andar descalço, telefonema de amigo, comer com as mãos
Doce de boteco, parada na estrada e carinho de mãe

Admirar quem se ama, poder tocar, beijar até cansar
Mãos macias, sorriso perfeito, corpo incansável
Seu gosto e seu cheiro, seu nome no e-mail e você inteiro.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Top 10 - Pérolas

"A televisão não provoca burrice, apenas reflete a burrice da sociedade". (Dino da Silva Sauro)

1 - A estréia de "Família Dinossauro", anteontem na Band, deu cinco pontos no Ibope com picos de oito. Os dinossauros substituíram o "Band Esporte Clube", de Luize Altenhofen e Guilherme Arruda, às 20h15, e deram quase o dobro de audiência.

2 - Amaury Jr. emplaca disco retrô em ranking brasileiro.

3- Versão brasileira de 'The Simple Life' vai virar livro. Karina Bacchi e Ticiane Pinheiro vão lançar 'Patricinhas sem salto'.

4- Luana Piovani anuncia mudança em sua vida: de férias, a loura diz em seu site pessoal que vai viajar para o Alasca para 'arejar' as idéias (já vai tarde).

5- O comentário que rolou com a estréia de Íris (ao vivo) foi que ela se saiu melhor do que Alemão na Globo. Ele estreou no "Fantástico" com quadro gravado e editado, mesmo assim cometeu erros. Diego falou "dispois".

6- Pegou mal para Galvão Bueno que, aparentemente sem querer, promoveu a "Dança do Siri", do "Pânico", durante o Pan, na Globo. Quando a seleção brasileira de basquete fez a dança, ele se empolgou e comentou no ar.

7- Em "Vai Dar Namoro", atração do "Melhor do Brasil", da Record, já teve caso de participante estar lá para arrumar namorada e a pretendente descobrir que o rapaz já era comprometido. No de Celso Portiolli, no SBT, as pessoas ganham dinheiro para se beijar no palco. A Record diz que há participantes que vão ao programa, mesmo sendo comprometidos, porque querem trocar de parceiros.

8 - Marcelo Frisoni, marido de Ana Maria Braga, está deslumbrado com a cobertura tríplex da loira, com os belos carros, o barco. Ele vive comentando com os amigos.

9- Parte do elenco de novelas da Record é contra a decisão da emissora de não bancar mais passagens aéreas para Congonhas. Já os atores de "Paraíso Tropical", que moram em São Paulo, têm ido de ônibus ao Rio para gravar a novela.

10- Filha da cantora Gretchen, Thammy Miranda anunciou nesta terça-feira o fim do romance com a modelo Júlia Paes. "Acabou mesmo. É um assunto particular".