domingo, 30 de setembro de 2007

Ok Amy, você venceu.

Amy Winehouse, 24, tem pavio curto e vive se envolvendo em confusões quando exagera nos drinques e nas drogas. No dia 16 de setembro foi fotografada no bairro de Chelsea, em Londres, com as mãos sangrando. O noticiário internacional acredita que o acidente seja mais uma briga entre ela e o marido, Blake Fielder-Civil , 25. No mês passado, o casal foi flagrado cheio de marcas depois de uma discussão barulhenta em um hotel de Londres.

Amy tenta se livrar das drogas e diz que não acredita que consiga largar a dependência através de clínicas de reabilitação. Ela já esteve internada e largou o tratamento mais de uma vez. Por causa de sua dependência química, Amy tem a conta bancária controlada pela mãe. Janis Winehouse está com medo que a filha gaste todo o dinheiro em drogas e por isso olha de perto suas despesas. Recentemente a cantora afirmou que está curada do vício e que está empolgada para voltar ao batente. “Estou escrevendo um novo material e devo entrar em estúdio em breve”, afirmou.

Apesar de polêmica, Amy vai além de uma pop star da pá virada. Sua voz é irresistível, semelhante à de uma diva do soul (jazz, R&B e sei lá mais o que) com bem mais de 23 anos. Não é à toa que ela vem impressionando a crítica especializada. No dia 19 de setembro a maluquinha foi a grande vencedora da 12.ª edição do Mobo (Music of Black Origin), festival que celebra a música negra. A premiação aconteceu no estádio O2 Arena, em Londres. Winehouse venceu na categoria de melhor cantora da Grã Bretanha, superando as concorrentes Beverley Knight, Jamelia, Corinne Bailey Rae e Joss Stone. Resumindo: Amy é estranha, meio maluca, esquisitona, mas canta MUITO.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Blogálogo

Eduardo entrou no Google e digitou "-D-e-p-o-i-s- -d-e- -A-m-a-n-h-ã-". Dois dias antes ele havia comprado o novo disco da banda Todos Nós. Gostou tanto que ouviu, ouviu e logo já estava com vontade de tocar "Depois de Amanhã" no teclado. Poderia tirar de ouvido, era bom nisso. Mas estava com preguiça naquele dia. No site de cifras que costumava acessar as músicas ainda não estavam disponíveis. Apelou então ao Google.
No meio de algumas referências ao filme "O Dia Depois de Amanhã", chamou a atenção o link do blog "Falábia", assinado por Angélica Verduro. Entrou. O texto descia a lenha no álbum, classificado como "falsa MPB, daquelas já feitas para serem MPB, mas sem alma, sem coração". Angélica só havia gostado do primeiro disco da banda. O segundo, ouviu pouco. Este terceiro, havia bastado uma escutada para desgostar.
Eduardo deixou um comentário. Com ele, havia sido o contrário. Todos Nós só havia se tornado uma banda de respeito só agora, neste terceiro álbum. Também deixou o endereço do próprio blog, onde escreveria sobre o CD.
Feita a postagem, logo apareceu um comentário de Angélica, lhe dedicando uma careta. Ela ainda recomendava outras bandas e cantores do mesmo estilo que fariam um trabalho bem melhor.
Eduardo baixou as músicas recomendadas por Angélica. Gostou de umas, desgostou de outras, mas preferiu seu Todos Nós. E deixou outro comentário no blog de Angélica.
O diálogo disfarçado em livro de visitas não parou por aí. Não bastavam que comentassem os posts; Eduardo e Angélica sempre se falavam mesmo pelos comentários.
Nenhum se preocupou em enviar e-mail ou pedir outro meio de comunicação. Aquele papo via blogs era divertido, diferente de tudo que faziam na internet. Não havia por que deixar a inovação pelo usual.
Se gostavam pelo que escreviam, mesmo nas diferenças, como no caso do Todos Nós.
"Bem que, um dia, poderíamos ter um diálogo menos... virtual", escreveu Angélica. Só aí trocaram MSN. Era uma quarta-feira. Eduardo perguntou se poderia ser "hoje". Angélica não podia. Tinha aula na pós. "Amanhã", propôs. Desta vez era Eduardo quem tinha compromisso.
"Que tal, então... depois de amanhã?"
"Fechado".

Se Pelé é rei, a Marta...


Tudo bem que você talvez não goste de futebol. Mas é impossível não admirar o que essa mulher aí da foto fez hoje em plena Copa do Mundo. Na semifinal contra os Estados Unidos, a seleção toda deu show, mas Marta... ah! Marta. Eu sinceramente não consigo imaginar um jogador na atualidade com a audácia (e categoria!) de fazer em um único jogo tudo o que ela fez. Nem o Ronaldinho Gaúcho. Nem o Cristiano Ronaldo. Nem o Kaká. Nem Robinho. Nem Messi.
O que posso dizer é: se Pelé é o rei do futebol, Marta, sem dúvidas, é a rainha.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Merda é cultura

Tudo o que você sempre quis saber sobre o cocô!
Por incrível que pareça você pode aprender muitas coisas observando suas fezes


“Pelas leis da natureza todo homem é um produtor e um consumidor, ou seja, se ele consome ele também produz” - Paul Theroux

“You are what you eat”, can be inverted and thus interpreted, “You are what you shit”.

por Manoela Figueiredo (TRIP)

Prestar atenção nas suas fezes pode ser tão útil quanto checar se está com febre ou com a pressão alta. Pelo cocô é possível descobrir alguns problemas da sua alimentação, da sua saúde, dos seus intestinos e até mesmo de seus níveis de stress e ansiedade.

No momento que o alimento entra na boca, o organismo inicia um processo ultracomplexo para transformá-lo em uma massa pastosa chamada “quimo”. A mastigação, a saliva,a peristalse (contrações involuntárias dos músculos gastrointestinais), as bactérias, o ácido clorídrico, as enzimas digestivas, a bile e outras secreções são responsáveis em transformar os diversos alimentos nessa massa com aparência de sopa de ervilha.

Enquanto acontece a absorção dos nutrientes ao longo do tubo digestivo, os “restos” continuam seu caminho em direção à saída. No intestino grosso as sobras se misturam com água e se forma o bolo fecal – o cocô. Que é constituído de água, fibra insolúvel, alimentos não digeridos (casca de milho e sementes), células mortas, bactérias vivas e mortas, secreções e bile. As células vermelhas mortas também são eliminadas pelas fezes e são as responsáveis pela coloração marrom.

Se o processo acontece como esperado o final é uma visita saudável ao banheiro. Cada pessoa possui suas particularidades quanto ao seu “hábito intestinal” com suas devidas variações de freqüência, horário, consistência, odor e cor. Mas há uma expectativa e um consenso de como os dito cujos devem se apresentar. As fezes devem ter uma consistência cilíndrica e firme, porém macias, serem “encorpadas”, variar de marrom a marrom claro e ter um cheiro característico, mas não fétido. E, devem “sair” sem muito sacrifício.

Nem sempre isso acontece. E vários tipos, formas, cores e odores de cocô podem aparecer:
O cocô pode ser bem escuro, quase preto, quando sangue já seco de um possível sangramento interno está presente. Fezes com muco e com um sangramento mais intenso podem indicar uma alteração mais séria como hemorróidas, colite ou até mesmo câncer e é melhor procurar um médico. Dor ao fazer cocô também pode ser sinal de hemorróidas ou falta de fibras.Quando você toma muito vinho tinto as fezes também podem ficar bem escuras. Alimentos industrializados com corantes muito fortes e intensos podem deixar o cocô mais “colorido”. Assim como a beterraba deixa o cocô vermelho.
Se o cocô está verde claro pode ser um sinal de excesso de açúcar, frutas e vegetais e uma falta de grãos ou sal. Fezes amareladas podem indicar uma infecção por um parasita chamado giárdia, que causa uma diarréia intensa e amarela. Quem come muitas folhas e verduras escuras faz cocô verde escuro. Cocô verde também pode ser causado por excesso de ferro na dieta, vindo de complementos alimentares, por exemplo. Fezes muito gordurosas são típicas de má absorção e se forem seguidas de muitos gases podem indicar uma má absorção de carboidratos.

Com relação ao seu formato, cocôs tipo “lápis”: finos e compridos, podem indicar que alguma coisa interna está atrapalhando sua passagem ou que há um baixo consumo de fibras.
Fezes amolecidas e pastosas e com pedaços de alimentos podem indicar uma intoxicação alimentar, intolerância a lactose, uso de antibióticos e antiácidos e até situações de muita ansiedade.

Se o cocô se parece com cocô de cabrito, em bolinhas pequenas e ressecadas, pode ser um sinal de intestino preso. As causas são geralmente falta de fibras, água e consumo em excesso de gordura, fast foods e alimentos industrializados.
Se o cocô for muito fedido pode ser um sinal de desequilíbrio da flora intestinal (as bactérias saudáveis que moram no intestino e ajudam na digestão) ou um excesso de proteína animal que pode “putrefar”: apodrecer, dentro do intestino.

Alguns alimentos contêm compostos de enxofre, como o repolho e os puns podem ter um cheiro bem forte. Uma pessoa normal solta pum de 10 a 15 vezes durante o dia, mesmo que não os sinta.

Quando alguma coisa não vai bem certamente você vai sentir logo: dores, gases, cólicas, barriga inchada e uma sensação geral de desconforto são sintomas tanto de diarréia como de intestino preso.
Nosso organismo é a máquina mais perfeita que existe e, quando pede uma coisa deve ser atendido. O organismo vai se acostumando com as “negações” e “esperas” e depois de um tempo começa a falhar, causando problemas mais sérios. Portanto, se vier aquela vontade sobrenatural de fazer cocô, pare o que estiver fazendo e atenda seu intestino.

Teste se o seu cocô é saudável:
Ele bóia?
Afundam ( ) 1
Bóiam ( ) 2

Com que frequência você faz cocô?
Uma vez por dia ou dia sim, dia não ( ) 1
A cada 2 ou 3 dias ( ) 2

Qual a consistência?
Macia ( ) 1
Dura ( ) 2

Qual a cor do seu cocô?
Amarelo ( ) 1
Marrom ( ) 2

Como é o cheiro?
Muito fedido ( ) 2
Cheiro de cocô ( ) 1

Qual é o formato?
Tipo cabrito ( ) 2
Pastosa ( ) 1
Tipo banana ( ) 1
Líquidas ( ) 2

Resultados:
6 a 8 pontos – você parece bem saudável
9-10 pontos – Preste mais atenção. Aumente o consumo de frutas e vegetais
11-12 pontos – Cuidado! Talvez seja interessante procurar um médico ou nutricionista.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Do tempo do êpa!!!

Se você é mulher e já passou dos 26 anos, quero fazer uma aposta. DUVIDO, (eu disse) D-U-V-I-D-O que nunca tenha sonhado em ser como a She-Ra. Em ter aqueles cabelos dourados, super poderes, usar aquelas botas e aquele vestidinho. Ah, ela era linda! Dizem que a She-Ra era irmão do He-Man. Eu ficava imaginando que eles formavam, na verdade, um casal apaixonado. Que sofriam por estar separados, vivendo em mundos diferentes. Ô fase boa que foi minha infância, ser criança de verdade. Como eu sonhava, como viajava na maionese. E ser paquita da Xuxa? Quem nunca sonhou em ser paquita da “rainha”??! Duvido que você, mulher, com mais de 26, não tenha sonhado em ser paquita. DUVIDO! Foda que eu, morena, nem podia sonhar direito, pois as musas da minha infância eram loiras. Mesmo assim eu sonhava e tinha esperança que um dia iam dar uma chance pra nós, morenas e excluídas.

Eu acho uma pena que hoje as crianças não tenham uma infância de verdade. Parece que pulam dessa etapa já pra uma pré-adolescência. Os desenhos são tão computadorizados e sem vida quem nem permitem mais ter momentos lúdicos, de sonhar e brincar. Tudo se resume ao consumo, em vender, em ter... Talvez eu esteja ficando careta mesmo. Pode ser. Mas será que toda essa ligação com os desenhos animados como Snoopy, He-Man, Caverna do Dragão, Super-Gêmeos, Capitão Caverna, She-Ra, Papa Léguas, Popeye e outros, é na verdade o resultado de uma geração educada pela televisão? Creio que sim, fomos uma geração educada pela televisão, a atual é educada pelo computador.

Ainda me lembro quando tínhamos uma TV preto e branco, acredita? Ficava um negócio verde no miolo, parecia que ela estava esquentando, pegando no tranco... Lembro até da morte do Tancredo Neves (ai que medo!)... Num próximo post falo sobre as brincadeiras de rua e as festinhas americanas. Melhor parar por aqui, isso tá ficando meio constrangedor. Tenho a leve impressão que estou ficando... VELHA!!!

Compendíolo do amor

De uns tempos pra cá resolvi escrever histórias de amor. Minhas postagens no blog viraram um canal de contos românticos. A programação só foi quebrada por meu último post, que fala de samba (dos bons! Olhem ali em baixo).
Mas, como quero continuar com a seqüência de historinhas românticas, fiz aqui um compendíolo (se você está na dúvida, isso é o diminutivo irregular de "compêndio") do que já foi publicado sobre o tema neste blog.
Divirtam-se.

Daniel
(Quase) Tudo Ficcional
O Sinal de Tulipa
A Carta
Happy Hour, Happy Day, Happy Life
Ebulição
O Dilema

Priscila
Hello Stranger
Se-é-que-você-me-entende (este não é conto, mas está no tema)

Samba nosso de cada dia...


A voz dela é linda, o timbre ótimo, mas sempre houve algo no repertório de Maria Rita que não me soava interessante. Podia ser só uma impressão, mas nunca tive vontade de baixar suas músicas, muito menos de investir em um CD (sim gente... eu gosto de comprar CDs... originais. Valorizemos o trabalho dos artistas que gostamos!).
Mas eis que estou ali passeando por uma megastore e ouço um samba pra lá de bom pra dançar. Quem me conhece sabe que samba de gafieira é meu ritmo preferido na hora de entrar na pista. O meu primeiro pensamento foi só esse: "nossa... essa música é uma delícia pra dançar". Ainda não havia interesse em quem o interpretava. A música acabou e começou outro samba dos bons. É... aí eu tive de ir atrás. E me surpreendi: era Maria Rita e seu "Samba Meu".
Alguns dias depois comprei o disco, fui pra casa e coloquei pra tocar.
A primeira música, "Samba Meu" é lenta lenta, mas ouvindo a letra entendi seu recado: é praticamente um prelúdio ao que vem pela frente. A composição de Rodrigo Bittencourt avisa que o álbum é bom pra cantar, dançar, trazer alegria e ainda faz com que a cantora humildemente reconheça que não é uma "bamba de verdade".
Passado esse prólogo, vem o recado: "Pode chegar que a festa vai é começar agora" é o primeiro verso da faixa 2, "O Homem Falou", de Gonzaguinha. Aí eu já achava que o disco ia ser bom mesmo pra dançar. Ainda não estava convencido de que seria um álbum pra eu simplesmente colocar pra escutar.
A faixa 3 fez meus ouvidos ficarem apurados. "Maltratar, não é direito" (pra mim não deveria haver essa vírgula, mas fazer o que...) tem uma boa letra e uma melodia excelente. E as melodias (muito bem interpretadas por Maria Rita) é que tornam este álbum tão belo. As letras vão do poético ("Mente ao Meu Coração") ao bem-humorado ("Maria do Socorro"). Os arranjos são feitos na medida certa e dão cara às músicas: tem sambão de morro ("O Homem Falou"), sonoridades que flertam com o jazz ("Num Corpo Só") e até chorinho "Novo Amor".
Já faz quase uma semana que comprei "Samba Meu" e, até agora, não dancei uma música sequer dele (apesar de estar morrendo de vontade e já ter combinado de incluir uns passos no repertório com uma parceira das boas). Escutar, em compensação... foram várias e várias vezes, daquele jeito que, quando se dá conta, algumas das letras já estão decoradas.
Maria Rita pode até não ser uma bamba de verdade, mas é uma cantora e tanto que soube fazer um ótimo disco de samba.

domingo, 23 de setembro de 2007

Agora vejo em parte...

1: AINDA que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
2: E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
3: E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
4: O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
5: Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
6: Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
7: Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
8: O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;
9: Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;
10: Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.
11: Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
12: Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.
13: Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.

(I Coríntios 13)

sábado, 22 de setembro de 2007

Top 5 - festinhas americanas

1 - Bangles – Eternal Flame

2 - Guns N’ Roses - November Rain

3 - Nikka Costa - Midnight

4 - Skid Row - I Remember You

5 - Scorpions - Wind of Change

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

lose yourself


Há um tempo atrás eu dizia sem medo: Se apaixonar é brega demais. Amar é coisa de gente fraca que precisa do outro para se sentir completo. Ainda bem que eu tenho um lema (lema?! que palavra feia é essa, parece lesma!). Então, como ia dizendo, eu tenho um lema: “Só os mortos não mudam de idéia”. Como eu estou bem viva, esbanjando saúde, assumo: mudei de idéia. Se apaixonar é bom, amar melhor ainda. Nunca usei drogas, mas deve ser uma sensação parecida, ou até melhor. Deve ser como dançar com o Bono ao som de uma multidão histérica querendo estar em seu lugar. Talvez seja semelhante à sensação de tomar uma taça de um bom vinho com vista para o mar. Ou seria como beijar na boca e fazer sexo ao mesmo tempo? Hummm.

Então, como ia dizendo, o amor (ou a paixão), é algo assim, insano, que foge da razão. Deve ser como gostar de alguma comida ou bebida, não há explicação lógica. Alguns caras já se apaixonaram por mim. Eu, não sei por que, mas não me apaixono facilmente e não faço o tipo de mulherzinha apaixonável. Quando conheço alguém que se mostra interessado vou logo despejando meu caminhão de defeitos: "sou neurótica, tenho TOC, sou chata, exigente, sou metódica, perfeccionista, não como carne vermelha, não tomo refrigerante, não ouço qualquer tipo de música, não vejo qualquer tipo de filme, tomo vinho sozinha, uso pijama de ursinho, odeio isso, odeio aquilo, sou assim, sou assado..." E, pasmem!!! Tem homem que se apaixona por um ser desses como eu??! Fala sério!!! Deve estar faltando mulher no mercado. Não sou miss e nem tenho peitão. O que se passa na cabeça desses seres? Eu sinto muito por esses caras, a maioria gente finíssima, que teria como meus amigos para o resto da vida, mas, infelizmente, a maioria não se contentou com a amizade e um afastamento é inevitável. Afinal, coração dos outros é terra onde não se pisa.

Então, como eu ia dizendo... o que eu estava dizendo mesmo? Ah, que eu mudei de idéia sobre amar, se apaixonar. Eu confesso, não resisto a um homem inteligente. Não é aquele “nerd”, mas um homem que saiba conversar sobre tudo. Ter um gosto musical semelhante já é meio caminho andado. Ter uma preferência cinematográfica (será que essa expressão existe?) parecida também ajuda. Agora junta tudo isso a uma personalidade marcante e estilo sem clichês e totalmente sussa-desencanable... Uau. Os loiros que me perdoem, mas prefiro os morenos. Os altos também, porque basta ser um pouco mais alto que eu (tipo Tom Cruise tá ótemo!). Os “bombados” também... Não curto “barangos”, mas de tanquinho já basta o meu aqui de casa onde tenho que lavar roupa. Um sorriso bonito + simplicidade = meio caminho andado. Ah, cabelos grisalhos são como cereja no bolo. Afinal, homens e vinho são uma combinação perfeita.

Então, como eu ia dizendo. Amor, além de coisas explicáveis, como afinidades e um inexplicável gosto sobre o físico e o psicológico, envolve também a tal química, que também não faz muito sentido lógico. Mas faz uma diferença... Será que a ciência explica? Agora junta tudo isso e dá o que??! Dá merda, porque estar completamente enamorado é estar disposto a se expor ao ridículo, a carregar melancia no pescoço e sair por aí suspirando feito uma criança que não tem malícia nem medo do futuro. Você simplesmente se joga vendado de um trampolim sem saber o que espera lá embaixo.

Então, como eu ia dizendo... sou brega, sou fraca, preciso do outro para me sentir completa e estou viva – graças a Deus -, porque o dia que fui achada pelo homem mais no-clichê-sussa-desencanable-wonderful-smile-of-the-world eu mudei de idéia e descobri que amar, embora não faça sentido, é bom demais. Então, o que eu estava dizendo mesmo??! Ah, deixa pra lá...

O dilema

Marcelo não sabe o que fazer: em algumas horas, começaria uma micareta na sua cidade, coisa grande, coisa boa, cheia de gente bonita. Mas o dilema o corroia.
Seu abadá para o camarote open bar fora comprado dois meses antes e ele não tinha dúvidas de que adoraria sua primeira folia fora de época. Por que aquele maldito dilema havia de aparecer?
Marcelo precisava de uma opinião feminina. Abriu o MSN e procurou, entre as amigas, quem porderia lhe dar um conselho sem erro. Suspirou ao ver Paula online. Clicou duas vezes em seu nome.


Marcelo: Olá!
Marcelo: Paula, salva eu! Hahahahahaa.
Paula: Oi, qto tempo. O que foi?
Marcelo: estou em um dilema louco aqui. Me ajuda.
Paula: fala
Marcelo: É o seguinte, daqui a pouco vai começar a micareta, sabe? Eu vou com a Grazy e a Letícia...
Paula: Ah! Vc vai? Que legal... não vou poder.
Marcelo: è... mas tem o dilema
Paula: Qual?
Marcelo: A Letícia. Eu tô afim da Letícia. Mas não de ficar, eu, sei lá, quero namorar ela. Não sei o que me deu. Foi meio de repente. Mas eu percebi que eu quero.
Paula: E?
Marcelo: O problema é que a gente combinou de ir como amigos. Mas fui descobrindo esse sentimento e falei pra ela, assim... sem falar sabe? Eu não pedi em namoro, mas ela sabe que eu quero.
Paula: Tá, vc ainda não chegou no dilema. chegou?
Marcelo: O problema é: eu NÃO TÔ A VONTADE pra beijar dezenas de garotas na frente da Lê.
Marcelo: Mas eu sei que ela quer curtir a micareta. Eu tb queria. O que eu faço?
Paula: Vc tem certeza que ela sabe que vc quer namorar ela?
Marcelo: Tenho. Eu não falei assim com todas as letras, mas tá claro...
Marcelo: Ela entendeu o que eu quero, ela não me poda, deixa o assunto no ar. Acho que ela quer, mas não tenho certeza absoluta.
Marcelo: Agora, se eu curto a micareta e beijo todas, ela pode não querer. Se eu me comporto, ela pode não querer mesmo assim. E ainda ela pode aceitar mesmo que eu curta... eu não sei o que vai acontecer
Paula: Porque vc não fala com ela?
Marcelo: O q?
Paula: Que vc quer namorar ela. Fala pra ela, vê o que acontece.
Marcelo: Não sei...
Paula: fala assim "eu gosto de vc e vc sabe então eu não to me sentindo bem de ficar paquerando e beijando outras meninas na sua frente. o q eu faço?"
Marcelo: ....
Marcelo: será?
Paula: Vai fundo rapaz. Torço por vc. Pra vc estar a fim dela ela deve ser legal...
Marcelo: Se ela não fosse tão demais eu não tava nesse dilema...

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Nó na garganta...

Um homem que declarou ser lavrador tentou invadir nesta quinta-feira o Palácio do Planalto para conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Seis seguranças precisaram segurá-lo e retirá-lo do hall de entrada do edifício.

Identificado como Ângelo de Jesus, lavrador de Pindobaçu (BA), afirmou que caminhou por quatro dias, sem comer, para chegar até Brasília (DF).

De calça jeans, chinelo e camisa, foi algemado por seguranças e levado para a frente do Palácio. O lavrador afirmou ter o braço machucado e por isso a algema o machucaria. Disse ainda que tinha a perna quebrada e que era portador de hanseníase.

Por diversas vezes, repetiu que só poderia falar com o presidente e gritava "presidente, socorre eu". Aos policiais, afirmou ainda que "só sei falar com o presidente". Ao ser rendido, disse também "policial, você tem mãe? Eu não sou bandido" e que pobre sofria muito.

Os seguranças tentaram acalmá-lo, sem sucesso, e o lavrador foi levado para uma ambulância do Corpo de Bombeiros.

(Folha Online)

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Ebulição


Era só a segunda vez que Lucas e Lívia ficavam, mas a coisa já estava bem quente. No dia anterior, quando saíram pela primeira vez, uma boa dose de química já havia esquentado a relação. Agora, tudo estava em ponto de ebulição.
Um "quase-acaso" no trabalho havia colocado os dois frente a frente. Lucas, vendedor de eletroeletrônicos em uma megaloja, viu seu celular dar o último suspiro de vida em um domingo preguiçoso. Na segunda ele falaria com Katie, vendedora do estande de celulares que já tinha virado sua amiga com a convivência na loja. Mas, no lugar de Katie, estava Lívia. Lívia, loira, linda.
"Oi... cadê a Katie?", perguntou.
"Ela foi fazer um treinamento em São Paulo. Vou cobrir ela aqui por três dias", respondeu Lívia, com um sorriso desconcertante.
Lucas escolheu seu modelo e fechou a compra. A primeira venda de Lívia na loja. Brincaram em cima do tema e perceberam... havia um flerte no ar. Nos dois dias que se passaram, conversaram bastante.
"Quer dizer que você vai embora amanhã?".
"É... vou voltar para o meu estande no shopping".
"Ah... bom... foi tão legal conversar com você esses dias... a gente poderia sair qualquer dia desses".
"É... é uma boa idéia. Também gostei bastante de ter te conhecido", disse Lívia, mexendo no seu próprio celular.
"Me dá seu número então".
"Você já tem...".
"Já?".
"Já... acabo de fazer uma ligação para o seu celular. Meu número tá marcado lá no seu."
"E você tinha meu número?".
"Tinha... (riso). Eu não sabia por que... mas resolvi anotar quando vendi o aparelho pra você. Agora eu acho que eu já queria sair com você (mais risos)".
Agora estavam ali, no segundo encontro em dois dias. Tiveram de deixar o barzinho que escolheram porque já não estavam se agüentando. No carro dele, os dois ofegavam entre beijos, carinhos, apertões e carícias. Quando finalmente conseguiu dar partida no veículo, Lucas dirigiu até o primeiro cruzamento, uma avenida. Para a direita, iria à casa de Lívia. A esquerda conduzia a uma rodovia com os principais motéis da cidade. Olhou para ela, soltou um sorriso e virou à esquerda. Lívia não reclamou.
Naquela rodovia os motéis eram realmente bons. Mas um pouco longe. Superar a distância valia a pena. Enquanto Lucas dirigia, Lívia só fazia carinhos em sua nuca. Áté que...
"Espera um pouco... pra onde você está me levando?"
"Ah, Lívia... (meio atônito). Faz 10 minutos que estou na rodovia, para o lado oposto ao da sua casa... e agora você me pergunta pra onde eu estou te levando?"
"Você está louco??? Pode voltar! Volta agora! Olha... ali tem um retorno. Volta já!"
Lucas entra no retorno e aproveita a calmaria do lugar para parar o carro.
"Desculpa... nossa... estou super sem graça agora".
"Não é nada de mais. Tudo bem".
"É que eu achei que tinha clima, sabe?".
"Clima tinha. Mas também não é assim...".
"O que você quer dizer? Só porque é nosso segundo encontro não pode rolar?".
"Éh... é por aí...".
"Olha... me perdoa, de verdade. Não fiz mesmo por mal. Eu virei pro lado contrário da sua casa. Você não falou nada. Achei que quisesse".
"De verdade, Lucas. Tá tudo bem. Só vamos voltar. Não é nada de mais".
"Tá bom".
Durante o caminho, ele ressaltou que estava sem graça e ela que não havia problema.
Em frente à casa dela, Lucas já estava mais relaxado. Logo estavam se beijando de novo. E não demorou muito para que as coisas esquentassem. E pra valer. Como nunca. Em minutos, Lucas não entendia como Lívia havia pedido para que ele voltasse. Resolveu falar isso.
"Com tanta química... a gente não deveria ter voltado".
A resposta de Lívia surpreendeu.
"É... não mesmo".
Lucas pensou em dar partida no carro. Mas teve uma idéia melhor.
"Melhor eu ir embora. Amanhã nós dois trabalhamos".
"Mas tá tão bom... fica mais um pouco".
"Que tá bom eu já sei (sorriso). Mas precisamos dormir. É sério".
Lucas abriu sua porta, se levantou, deu a volta no carro e gentilmente abriu a de Lívia, agora meio inconformada com a súbita interrupção do romance. Com um beijo rápido se despediu e voltou para o carro.
"Boa noite. Dorme bem".
"Você também. Quando a gente se vê de novo?", perguntou Lívia.
"Você trabalha no sábado?".
"Não".
"Nem eu. Que tal na sexta, então? Aí podemos ficar a noite toda sem a preocupação de trabalhar no outro dia".
Um sorriso nasceu nos lábios de Lívia.
"Vai ser ótimo".
Lucas esperou Lívia entrar e deu partida no carro. A próxima partida daria um bom jogo.

domingo, 16 de setembro de 2007

Gabriela

- Tia, por que você não tem filhos?
- Porque a tia não casou ainda.
- Mas tia, por que você ainda não casou?
- Porque a tia ainda não encontrou alguém que quisesse casar com a tia, entende?
- Não, tia.
-
Tia, eu não quero ter neném.
- Por que não?
- Porque tem que cortar a barriga.
- Ah, mas hoje você toma uma injeção e não sente dor pra tirar o neném.
- Pior ainda tia, injeção dói mais que cortar a barriga. Entende?
- Sim querida.
- Tia, eu te amo um montão.
- Eu te amo mais.
- Tia eu te amo do tamanho do céu.
- Eu te amo do tamanho do infinito.
- Tia, o que é o infinito?
- Infinito é o que nunca acaba.
- Então eu te amo do tamanho do infinito.
- Eu também querida.
- Ah tia, assim não vale.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Crying, Waiting, Hoping

TUDO tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou; Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar; Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar; Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar; Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora; Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar; Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz. Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs o mundo no coração do homem, sem que este possa descobrir a obra que Deus fez desde o princípio até ao fim.

(Eclesiastes 3)

Happy Hour, Happy Day, Happy Life

Rubens gosta de Débora, mas não sabe como se declarar.
Débora considera Rubens um amigo, mas não deixa de olhá-lo com um certo interesse.
Quase na porta do expediente, minutinhos antes das 18h, o pessoal do escritório resolveu combinar um happy hour. Além de falar mal dos chefes, rir de (ou esbravejar com) clientes que insistiam em reclamar no setor X algo que claramente era do setor Y e beber, os participantes do encontro dariam boas-vindas a Rafael, em seu primeiro dia de trabalho.
O bar seria o de sempre, aquele simplezinho, mas com bom cardápio e garçons tão amigos que quase sentavam à mesa pra bater papo. Bons preços também. Rubens só se lamentava que, de tão simples, o lugar não aceitava cartões.
Depois de bater o ponto, ele foi até o caixa eletrônico fazer o saque. Havia duas pessoas na sua frente, mas uma delas parecia ter tirado o fim de tarde pra fazer a contabilidade pessoal. Pagou contas, tirou extrato, fez algumas operações ininteligíveis pra quem estava ali atrás na fila e demorou. Rubens não queria atrasar tanto pra chegar ao bar, mas precisava do dinheiro.
Quando finalmente colocou os pés no lugar do encontro, levou um leve susto com o que viu, mas a reação foi só interna, sem transparecer. Numa mesa estavam Rafael e Débora. Só os dois.
"Ué... cadê o resto do pessoal?", perguntou.
"Não sei... não apareceram", respondeu Débora.
Sentou e entrou no papo. Falavam algo sobre paquera. Rafael contava que não gostava muito de ficar, preferia relacionamentos sérios. Débora ouvia a conversa com interesse. Podia ser só interesse no papo, mas também poderia ser no rapaz, que tinha lá sua beleza.
Uma hora, Rubens foi arrastado pra dentro do assunto. Alguém lhe perguntou algo, lhe pediu uma opinião e ele também precisava falar. E então ele teve a grande sacada.
"Olha... eu estou em um momento de certa inconstância. Faz alguns meses que terminei um relacionamento longo e estava aproveitando para curtir um pouco. Sabe como é: beijar uma em uma semana... outra em outra". Uma pequena pausa e continuou. "Mas eu tenho certeza que ainda vou encontrar uma pessoa especial, que vai me tirar desta vida. Na verdade, eu nem achava que isto fosse acontecer agora... mas já começo a admitir a possibilidade".
Falou tudo isto com o rosto impassível, olhando para Rafael. Nem desviou os olhos para Débora. Mas ela, sim, lhe direcionou um olhar discreto depois do ponto final. Bastou para que Rubens soubesse que ela havia entendido o recado.
Na parte final de sua fala, depois da pequena pausa, ele esticou de leve sua perna e deixou que ela tocasse e roçasse a de Débora por baixo da mesa. Foi o código secreto que ela captou.
No outro dia, Débora e Rubens trabalharam normalmente. No fim da tarde, o comunicador interno dele indicou uma mensagem.

Débora: Já tem programa pro happy hour?
Rubens: Ainda não...
Débora: Estava pensando em ir a um lugar diferente hoje, sem o pessoal aqui
Rubens: Eu tb! Que tal o Siena Café? Lá é aconchegante... e eles aceitam cartões! Hahahahaha.
Débora: Hehehehehe. Sempre quis ir lá. Logo depois do expediente?
Rubens: Combinado!
Débora: Combinado então!

A noite prometia. A vida também.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

A carta

"Quero receber uma carta sua".
Do outro lado do cabo, Patrick estancou. Ele vivia a trocar e-mails com Sheila. Os dois viviam a cerca de 400 quilômetros de distância.
Mas.... carta?
Sheila insistiu. Disse que só havia trocado cartas com amigas, quando a internet ainda não era assim tão popular. Faltava-lhe uma carta romântica. Em si, ela sabia que queria muito mais. Não contou a Patrick, mas queria ver sua letra, queria saber se ele abandonava aquela ciberlinguagem ao escrever manualmente, queria sentir o cheiro do papel (ou do perfume nele aplicado). Queria, sobretudo, ter um pedacinho de Patrick na forma de escrita.
Os dois haviam se conhecido em um congresso de música. Ambos são pianistas. Em três dias haviam trocado muitos olhares e poucas palavras. Nos últimos minutos, ele saiu de sua conchinha de timidez e conseguiu falar, pouco melhor que um balbucio, algo como "triste de ir embora sem um beijo seu". Mas não foi. A frase foi o suficiente pra Sheila perceber que teria de tomar a atitude. Um beijo. Só um.
Depois as conversas continuaram por e-mail. Ele com 18 anos. Ela, 19. Para Sheila, o romance era interessante, mas não afetava suas baladinhas. Patrick, mais tímido, se agarrou àquele inesperado affair virtual.
A crise veio quando quando Sheila contou que havia ficado com um rapaz qualquer em um lugar qualquer. Coisa boba, que se vê toda noite. Patrick sabia que não havia compromisso entre eles, mas se sentiu traído. Talvez porque gostasse mais de Sheila do que imaginava. Ela achou a reação exagerada e ficou brava. Ele também achou que ela estava exagerando.
Patrick sumiu da internet.
Sheila continuava a acessar, mas mais por vício que por Patrick. Em menos de uma semana, sentiu falta dele. Mandou um e-mail... perguntou se ele não apareceria online de novo. Dois dias se passaram sem respostas. Ela clicou novamente em "redigir" e ficou olhando para o cursor pulsante, pensando o que escrever. Quando enfim teve uma idéia, foi interrompida por seu pai.
"Filha, chegou uma carta pra você".
A explosão de sentimentos fez com que ela movesse a mão involuntariamente. O mouse caiu pela lateral da mesa. Ela nem fez menção de recolhe-lo. Pegou o envelope da mão do pai e confirmou sua expectativa. Era uma carta de Patrick.
Correu para o quarto e tentou abrir a correspondência, ao mesmo tempo rápido e com cuidado. Acabou fazendo um bom rasgo no envelope e puxou seu conteúdo. Uma única folha de fichário. Bem adolescente.
Desdobrou o papel e se deparou com uma estampa do desenho "South Park" de fundo, com um dos personagens tendo seus olhos arrancados por outro. Não teve nem tempo de pensar que aquilo era inadequado. Megulhou na leitura das letras escritas com uma caneta azul-bic
qualquer, com caligrafia de dar inveja a qualquer médico. "Não importa a caneta, mas o que ela escreve", diria Sheila mais tarde.
Ele estava chateado com a briga. Estava chateado também que ela havia ficado com outro "carinha", como escreveu. Mas revelava que estava apaixonado, que quase havia sido atropelado porque não conseguia se concentrar. Escreveu ainda parte de uma letra de música da moda. Ah! Também teve uma solução criativa para a incombinável estampa: "Tô tão perdido que tô a ponto de arrancar meus olhos porque não posso te ver todo dia", escreveu.
Sheila não chorou. Mas ficou atônita. Certamente adorou.
O contato foi reaceso pela internet, mas a distância era problema. Patrick conheceu outra garota, uma que podia ver todos os dias e por quem não precisaria arrancar os olhos. Pensou em escrever uma carta para Sheila e contar. Escreveu um e-mail mesmo. Ela não se abalou muito, pois já estava perto de namorar o "carinha" com quem havia ficado.
Muitos olhares, um beijo, vários e-mails e uma carta. A relação ficou nisso.
Até hoje Sheila guarda a correspondência que recebeu de Patrick em uma cesta, junto com bilhetes de amigas que marcaram e objetos que lhe têm valor sentimental.

domingo, 9 de setembro de 2007

Se-é-que-você-me-entende


Poderia passar o dia todo enumerando elogios, mas o negócio é o seguinte: há anos eu não conhecia alguém capaz de me fazer esquecer que existe vida do lado de fora. Que me fizesse deixar de lado essa pressão constante, esse stress que me impede de expressar em palavras o que sinto e o que realmente você significa. Na verdade hoje só posso dizer algo assim: você-vale-a-pena. Às vezes gasto horas na frente do computador tentando encontrar uma maneira lírica pra explicar que ficar longe de você é como levar um-soco-no-estômago de tanta saudade. Como explicar a nostalgia que bate naqueles dias que saio sozinha do cinema meio anestesiada depois de ver um filme que você não-poderia-ter-perdido? Ou depois de descobrir uma música maravilhosa que deveria-ser-degustada-a-dois? Teve uma época em que eu pensava que sabia de tudo e foi quando tudo desmoronou ao meu redor. Foram momentos “quase-morri”. Momentos “quase-te-larguei”. Momentos “quase-parti”. Momentos “quase-te-esqueci”. Eu me senti uma pedra de gelo derrentendo nas suas mãos. Foda, foda, foda. Já tentei fazer de tudo para evitar dizer aquelas-palavras-que-te-assustam. Sim, para o meu total desespero, você foge para um mundo paralelo quando digo-que-te-amo. Já decidi que ao invés de pedir para que-se-case-comigo vou sugerir que fiquemos juntos até nos tornarmos velhinhos-que-usam-all-star. Tá ligado? Eu sei que você se expressa em silêncio, mas eu preciso falar, questionar e descobrir... Porque senão vou passar a vida como se vivesse eternamente em-um-grande-elevador, como se estivesse sempre na sala-de-espera-do-médico ou numa rodovia-eternamente-congestionada. Não é fácil traduzir você. Mas hoje eu me arrisco e eis então que te defino: você-é-poesia. Poder olhar para você me faz acreditar que as melhores coisas da vida realmente chegam para-quem-sabe-esperar. Eu não sabia, mas aprendi.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Ciao

Em 1994, eu deveria ter uns 13 anos (sou péssima em matemática). Na época, ter um CD player era coisa pra poucos. Foi nessa época que meu pai nos presenteou (a mim e minha irmã mais velha) com um toca CD fudido. Tinha dois decks de cassete, FM/AM, estéreo... era um fenômeno. Meus amigos ficaram morrendo de inveja. Eu me achava a tal.

O problema é que naquela época eu não trabalhava, minha mesada era bem modesta e eu não tinha grana pra comprar CDs. Meu pai então comprou uma coleção da revista Caras, que trazia de brinde CDs de música clássica. Um deles era dos “3 Tenores”, que fez muito sucesso depois da abertura da Copa de 94, nos EUA, e no encerramento da Copa de 98, na França. Foi então que descobri Pavarotti.

Claro que tudo começou com uma falta de opção de CDs para ouvir. Na ânsia de ver meu super-aparelho que tocava aquelas bolachinhas prateadas funcionando, apelei para os discos do meu pai. Eu nunca entendi muito de música clássica. Mas posso dizer que lá com meus 13 anos, o tal do Pavarotti me conquistou. Ficava encantada com aquele ‘voizerão’. Acho que ouvi mil vezes as mesmas músicas. Até acreditava que podia cantar em italiano (risos).

Posso até estar enganada, mas acho que Pavarotti popularizou a música erudita. Dificilmente alguém nunca tenha ouvido falar dele ou suas performances. Hoje de manhã eu fiquei bem triste ao assistir o “Bom Dia Brasil”. Pavarotti se foi. O gordinho simpático com aquela voz imponente que sempre me emocionava ao cantar, hoje me emocionou outra vez, porém, com seu silêncio.


You say that the river
finds the way to the sea
and like the river
you will come to me
beyond the borders
and the dry lands
You say that like a river
like a river...
the love will come
the love...
And i don't know how to pray anymore
and in love i don't know how to hope anymore
and for that love i don't know how to wait anymore

terça-feira, 4 de setembro de 2007

O sinal de Tulipa

Quando o semáforo fechou à sua frente, Tulipa teve o insight. O vermelho do sinal foi a luz de sua idéia. Tulipa mudaria seus cabelos. Os deixaria avermelhados.
Mais tarde, no salão, o rosto de Tulipa saiu emoldurado por fios mais curtos, rubros, em um corte que lembrava as pétalas de uma tulipa de cabeça para baixo.

E de cabeça para baixo era como Tulipa queria deixar Tiago, seu ex-alguma coisa. Nunca haviam sido namorados, mas jamais foram apenas amigos. O "t" de cada nome do quase-casal era maiúsculo na relação. Maiúsculo e garrafal.

Num sábado como outro qualquer, perceberam que a relação mestiça de namoro e amizade não deveria continuar. Aquele meio-termo era cômodo de um lado, incômodo de outro. Mas até o lado confortável, o de Tiago, lhe causava embaraço.

Uma semana bastou para que o vício cobrasse. A abstinência se impôs. Um quis ver o outro. Ensaiaram ser só amigos, mas a tentação se impunha à tentativa. Mais uma semana e Tulipa apareceu com os cabelos novos, ainda mais bela. Eles ainda resistiram, talvez só pra fazer pose. Mas logo cansaram de ser estátuas vivas e voltaram à ação.

O contato foi diferente. Mais maduro. Melhor. Podia ser só o efeito da saudade, mas foi mais intenso.

Deitados lado a lado, Tiago comentou: "Esse seu cabelo... ficou muito bom. Mais moderno. Você está mais linda... mais sexy".
E ela: "O objetivo era exatamente esse. E mexer com você também".
Ele: "Quer dizer que você queria voltar desde a semana passada".
Ela: "Na verdade, desde que o sinal ficou vermelho".

sábado, 1 de setembro de 2007

Hello Stranger

Ai se aquela esquina do Mercado Municipal falasse. Aquele lugar sem graça, insípido, antigo, sem vida... quem diria, tem muito pra contar. Depois que Eduardo desceu do ônibus eles trocaram poucas palavras. Falaram sobre o tempo, a umidade do ar, do verão e da previsão de muito calor nos próximos dias. Carol ainda tentava entender porque ficou praticamente três horas e meia sentada naquela escada da rodoviária esperando o ônibus chegar, mesmo depois dele ter ligado pra falar sobre o atraso na estrada (uma ponte havia caído e o excesso de carros devido ao feriado iria deixar a viagem mais demorada). E lá estava ela, com a bunda quadrada, ansiosa, com cafeína correndo nas veias. Não conseguia se mover pra comprar um jornal, uma revista ou qualquer coisa que pudesse ajudar a passar o tempo. Precisava domar aquela ansiedade, ansiedade, que ansiedade, uma puta ansiedade!

Ela aproveitou o tempo para recapitular tudo o que havia acontecido nos últimos quatro meses: os e-mails, as conversas, a primeira ligação quando ela descia do ônibus, em dezembro, enquanto andava rumo a alguma loja no calçadão onde pudesse comprar o presente de amigo-secreto (detalhe, Carol odeia amigo-secreto, mas ia fazer um esforço, já que havia poucos meses que estava na empresa e não podia decepcionar). E enquanto ela disfarçava o desconforto com a ligação, tentava analisar a voz do rapaz ao mesmo tempo em que lhe contava sobre o tempo que estava fechando e que ia tomar um "banho" daqueles. Trocaram poucas palavras e cogitaram a possibilidade de um encontro em fevereiro. Essa foi a primeira ligação. A segunda? Foi na passagem de ano, 2005 para 2006. Como sempre, ela estava sozinha em casa (Carol odeia passagem de ano, pessoas vestidas de branco com aqueles clichês “feliz Ano-Novo” e etc.). As meninas estavam viajando e ela comprou um vinho para celebrar, sozinha, a virada. Não pôde viajar porque teve que trabalhar – o que não lhe trazia muita tristeza, já que detesta essa época do ano. Então, voltando ao telefonema. Alguém ligou. Ali, com a bunda quadrada na escada da rodoviária, ficou tentando recordar sobre quem havia telefonado: ela ou ele? Talvez fosse ela. Eu seria ele? Não importa, foi a segunda vez que se falaram. Depois tiveram outras. Outros e-mails. Muita, muita, muita conversa. Ela não queria admitir, mas estava ridiculamente interessada por um cara que nunca tinha visto na vida. Como podia? Como podia? Como podia? Estava.

Poucos dias antes, no computador:

- Não vou ficar com você, ela deixou bem claro. – No máximo, um beijo, finalizou.
- Tudo bem, ele respondeu. – Só quero ser teu amigo e vou me comportar, prometeu ele.
- E se eu me apaixonar? Questionou Carol.
- E se EU me apaixonar? Perguntou Edu.
- Aeh fodeu, ela disse.
- [Silêncio de Edu].

E lá estavam eles, na esquina do Mercado Municipal esperando o táxi que havia parado na rua paralela, porque ela, de tão desconcertada, errou o nome da rua. Mas o erro foi válido. Enquanto falavam sobre o tempo, Edu roubou-lhe um beijo. Um selinho. Carol ficou imóvel. Ela sorria, suava. Derretia-se diante daquele estranho conhecido. Um ar de mistério...

E ela pensava:
- Fodeu, vou me apaixonar!

E ele pensava:
- Realmente, a previsão é de muito, muito calor para os próximos dias...