quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Happy Hour, Happy Day, Happy Life

Rubens gosta de Débora, mas não sabe como se declarar.
Débora considera Rubens um amigo, mas não deixa de olhá-lo com um certo interesse.
Quase na porta do expediente, minutinhos antes das 18h, o pessoal do escritório resolveu combinar um happy hour. Além de falar mal dos chefes, rir de (ou esbravejar com) clientes que insistiam em reclamar no setor X algo que claramente era do setor Y e beber, os participantes do encontro dariam boas-vindas a Rafael, em seu primeiro dia de trabalho.
O bar seria o de sempre, aquele simplezinho, mas com bom cardápio e garçons tão amigos que quase sentavam à mesa pra bater papo. Bons preços também. Rubens só se lamentava que, de tão simples, o lugar não aceitava cartões.
Depois de bater o ponto, ele foi até o caixa eletrônico fazer o saque. Havia duas pessoas na sua frente, mas uma delas parecia ter tirado o fim de tarde pra fazer a contabilidade pessoal. Pagou contas, tirou extrato, fez algumas operações ininteligíveis pra quem estava ali atrás na fila e demorou. Rubens não queria atrasar tanto pra chegar ao bar, mas precisava do dinheiro.
Quando finalmente colocou os pés no lugar do encontro, levou um leve susto com o que viu, mas a reação foi só interna, sem transparecer. Numa mesa estavam Rafael e Débora. Só os dois.
"Ué... cadê o resto do pessoal?", perguntou.
"Não sei... não apareceram", respondeu Débora.
Sentou e entrou no papo. Falavam algo sobre paquera. Rafael contava que não gostava muito de ficar, preferia relacionamentos sérios. Débora ouvia a conversa com interesse. Podia ser só interesse no papo, mas também poderia ser no rapaz, que tinha lá sua beleza.
Uma hora, Rubens foi arrastado pra dentro do assunto. Alguém lhe perguntou algo, lhe pediu uma opinião e ele também precisava falar. E então ele teve a grande sacada.
"Olha... eu estou em um momento de certa inconstância. Faz alguns meses que terminei um relacionamento longo e estava aproveitando para curtir um pouco. Sabe como é: beijar uma em uma semana... outra em outra". Uma pequena pausa e continuou. "Mas eu tenho certeza que ainda vou encontrar uma pessoa especial, que vai me tirar desta vida. Na verdade, eu nem achava que isto fosse acontecer agora... mas já começo a admitir a possibilidade".
Falou tudo isto com o rosto impassível, olhando para Rafael. Nem desviou os olhos para Débora. Mas ela, sim, lhe direcionou um olhar discreto depois do ponto final. Bastou para que Rubens soubesse que ela havia entendido o recado.
Na parte final de sua fala, depois da pequena pausa, ele esticou de leve sua perna e deixou que ela tocasse e roçasse a de Débora por baixo da mesa. Foi o código secreto que ela captou.
No outro dia, Débora e Rubens trabalharam normalmente. No fim da tarde, o comunicador interno dele indicou uma mensagem.

Débora: Já tem programa pro happy hour?
Rubens: Ainda não...
Débora: Estava pensando em ir a um lugar diferente hoje, sem o pessoal aqui
Rubens: Eu tb! Que tal o Siena Café? Lá é aconchegante... e eles aceitam cartões! Hahahahaha.
Débora: Hehehehehe. Sempre quis ir lá. Logo depois do expediente?
Rubens: Combinado!
Débora: Combinado então!

A noite prometia. A vida também.

Um comentário:

Unknown disse...

Nice going!!!
aheuhaiehuahiea