quinta-feira, 28 de junho de 2007

Divagações espontâneas

Meu amigo Paulo sempre diz: “quanto mais velhos, mais exigentes, ‘inconvivíveis’ e sozinhos ficamos”. Isso é pura verdade. Depois que você se acostuma a morar sozinho, ir ao cinema sozinho, fazer compras sozinho, sair sozinho... fica cada vez mais difícil – não digo ter alguém – mas ter qualquer pessoa ao seu lado. Talvez porque depois de tanto tempo convivendo consigo mesmo, você passe a se conhecer melhor, a ter mais certeza do que gosta ou não. Isso significa ser mais complexo, mais difícil, mais exigente, você passa a não tolerar mais certas coisas, determinadas atitudes, infantilidades... e vamos ficando cada vez mais sozinhos. Porque é muito difícil encontrar uma tampa que feche esse pote estranho.

Imagina só. Você começa a gostar de filmes europeus, a ouvir jazz e outros tipos de músicas fora da moda, a se interessar por vinhos, troca o happy hour por um café com os amigos, a balada por um jantarzinho, deita e acorda mais cedo pra malhar ou correr... Junta toda essa mudança com seu alto grau de complexidade e exigência e já se reduz pela metade as chances de você conhecer alguém, assim, por aí... Homem complicado é charmoso, mulher complexa é chata. Acho que as mulheres saem em desvantagem nesse processo de “amadurecimento”. Não é fácil!

Às vezes tenho a triste sensação (é quase um ódio) que aquela pessoa que eu tanto procuro se casou com uma pessoa errada e que, por algum deslize do destino, acabamos nos desencontrando. Todas as manhãs fico pensando que ele acorda ao lado de uma mulher que está ocupando um lugar que poderia ter sido meu. Fico imaginando como seria bom tocá-lo pela manhã, tomarmos café juntos, ter sua companhia para uma corrida, pra dividir uma garrafa de vinho, ouvir jazz, jogar conversa fora, falar palavrão ou ver aqueles filmes europeus complexos que tantos detestam. Certamente isso deve ter acontecido. Caso contrário, eu estou me tornando uma velha exigente, complexa, ‘inconvivível’ e cada vez mais... sozinha.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Tempo do êpa...

Vou aproveitar o embalo do último post do Daniel e falar também sobre algo da minha infância: desenhos animados. Alguns cartoons foram inesquecíveis: ThunderCats, She-Ra, He-Man, Caverna do Dragão, Cavalo de Fogo, Muppet Babies, Popeye, Smurfs e Snoopy . Não me lembro de outros agora. Snoopy sem dúvidas foi meu favorito. Seus personagens me pareciam tão complexos, tão reais... Bom demais! Toda vez que sento pra assistir aos desenhos atuais com minha sobrinha fico imaginando o que ela acharia desse cachorrinho temperamental e dos outros desenhos que eu via quando tinha a idade dela. Ah, eu adorava o Charlie Brown! Uma figura. Pra quem gosta vale fazer uma busca no YouTube e matar a saudade!
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Filmes da infância

Resolvi revisitar os filmes de minha infância.

É isto mesmo. Vou assistir outra vez às histórias que vi quando era criança e ver o que acho delas atualmente. Tenho certeza que vou me decepcionar em alguns casos, mas também estou seguro que outros me deixarão ainda mais fascinado.

O primeiro filme que me lembro de ter visto no cinema... se é que a história foi assim mesmo, é Labirinto (Labyrinth, de 1986). Provavelmente minha lembrança é verdadeira, pelo ano do filme. Só de ver a ficha do longa, fico orgulhoso de tê-lo guardado como minha primeira lembrança na telona: produção de George Lucas, direção de Jim Henson e um elenco praticamente levado nas costas pela jovenzinha Jennifer Connely (a mocinha) e o camaleão David Bowie (o vilão!!!).

Na história, Sarah (a "feinha" da Jennifer) é um a garota que sonha em ser atriz, mas tá de saco cheio do irmão mais novo (quem tem irmão mais novo SABE o que é isso...). Aí ela pede para uns duendes levarem o irmão dela embora. E eles LEVAM!!! Então ela terá de enfrentar um labirinto e suas criaturas mágicas para resgatar o irmãozinho.

Só me resta uma dúvida... será que encontro Labirinto em DVD? Acho que não. Vou de VHS, se for o caso. O DVD existe... mas aqui em Rio Preto...

Ainda estou formulando a lista dos filmes que tenho de revisitar. Mas saibam que ela terá:

- Os Goonies
- Indiana Jones (trilogia)*
- Superman 3 (a cena do lago congelado é a que mais me marcou a infância)
- De Volta para o Futuro (trilogia)
- Flashdance
- ET
- Rocky, o Lutador (o primeiro, que ganhou Oscar de melhor filme... uia)
- Rambo (o primeiro)
- Gremlins
- Uma Cilada para Roger Rabitt
- A Hora do Pesadelo 6 (o primeiro filme em 3D que eu vi!)
- O Milagre Veio do Espaço
- Porky's
- Os Caça-Fantasmas

E virão outros.
Como disse a minha grande amiga Thais, vou precisar ficar sócio de uma locadora pra ver tudo isto sem quebrar.
_____________________
*Soube que já tiveram início as filmagens de Indiana Jones 4! Logo escrevo sobre isto...

terça-feira, 26 de junho de 2007

As aparências enganam...

"Não admira que a nossa percepção de beleza seja destorcida." Este é o slogan do anúncio da Dove (sucesso na mídia digital), que mostra como uma mulher "normal" pode ser maquiada, penteada, produzida e a sua imagem tratada para se transformar numa linda modelo.

A campanha da Dove, realizada pela Ogilvy & Mather de Toronto, conquistou no último sábado (23) o Grande Prêmio no Festival de Publicidade de Cannes. O filme ganhou o galardão mais importante de Cannes, na categoria Film Lions. Como eu sempre digo: não existe mulher feia, existe mulher mal-arrumada (ou pobre, como preferir).
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Caos aéreo X Cupido

Após seis meses de namoro com Marina Mantega, 25, o pegador global Marcos Paulo, 57, está solteiro outra vez. Ambos culparam o apagão aéreo como um dos principais motivos do fim do relacionamento.

“Nossa Senhora! O apagão aéreo atrapalhou meu namoro”, disse a a filha do ministro da Fazenda Guido Mantega, ao jornal “Folha de S. Paulo" desta terça-feira, aos risos. Marcos Paulo usou a mesma desculpa ao falar sobre o fim do relacionamento em entrevista para um site.“É muito difícil manter um relacionamento morando em cidades diferentes. A culpa é do caos aéreo", disse ele, que mora no Rio de Janeiro, enquanto Marina reside em São Paulo.

O
ex-casal colocou um ponto final no namoro na noite de domingo, 24, por telefone. Isso prova que a saída sugerida pela Ministra Sexóloga Marta não deu certo.

segunda-feira, 25 de junho de 2007

O melhor do fotojornalismo

Quem curte fotografia não pode deixar de conferir a galeria de imagens da Magnum. Lá, nada mais, nada menos do que as fotografias que mudaram o mundo. A Magnum (site oficial), nome retirado de uma enorme garrafa de champagne, surgiu liderada pelo fotógrafo húngaro Robert Capa (1913 – 1954). Participaram também da Agência Magnum o fotógrafo polonês David Seymour “O Chim” (1911 – 1956), o francês Henri Cartier Bresson (1908 – 2004) e o inglês George Rodger (1908 — 1995).

O tiro saiu pela Ciculatra

A fogosa modelo e apresentadora Daniela Cicarelli se deu mal no processo que movia contra o site YouTube, que em setembro de 2006 levou ao ar cenas polêmicas suas com o namorado, o empresário Renato Malzoni, numa praia espanhola. Cicarelli vai ter vai ter que pagar R$ 10 mil para cada veículo de comunicação que processou na Justiça por exibir as cenas dela com o namorado (YouTube, Rede Globo e IG).

Daniella e Tato perderam a ação porque "deixaram que sua intimidade fosse observada em local público, razão pela qual não podem argumentar com violação da privacidade. Na verdade, os autores resolveram trocar intimidades em local não reservado". E pior, se a segunda instância confirmar a decisão, até o fim da semana, o YouTube poderá colocar novamente no ar as cenas polêmicas do casal. Que mico!

Quem te viu, quem te vê!

A ex-apresentadora infantil Eliana (aquela dos "Dedinhos") libera geral e canta o hit da Internet "Vai Tomar No C .". Seria um recado para o ex-marido Edu Guedes, de quem se separou em abril?
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De aviões, controladores de vôo e sexo


Pessoal, desculpem voltar ao tema... mas meu tio escreveu uma crônica tão boa que eu tive de publicá-la. Ah... eu dei uma editadinha no texto... hahahahaha. Aí está. Divirtam-se.

Por João Batista Cardoso (o "Cardosinho")

Seria cômica se não fosse trágica esta disputa entre a Aeronáutica e os controladores de vôo.
No chão, em salas climatizadas, profissionais controlam a vida e o destino de milhares de passageiros. Ganham mal, trabalham com aparelhos inadequados, alguns não falam inglês e... há notícias de que um deles é... surdo!!!
Mas, ao contrário de outros profissionais, não podem reclamar, não podem denunciar o que há de errado porque estão atados a uma rígida hierarquia em que a palavra final é dada, algumas vezes, não pela força e veracidade da argumentação, mas pelo nível da patente. E questionar uma patente superior implica em poder ser preso ou afastado das suas funções.
Portanto, nesse cenário surrealista, não é difícil imaginar a possibilidade da seguinte situação, gravada pela caixa preta de um Boeing 747 com 400 passageiros a bordo preparando-se para pousar em um de nossos aeroportos:
— This is Flight 2469 from Bird Airlines asking instructions for landing in Guarulhos, São Paulo Airport . (Este é o vôo 2469 da Bird Airlines solicitando instruções para pouso no Aeroporto Internacional de Guarulhos)
— Sorry. I am having trouble to listen you, flight 2469. I don’t understand english. (Desculpe. Estou tendo dificuldades em escutar você, vôo 2469. Não falo inglês.)
— Pardon!!!… You don’t speak english? (Como!!!... Você não fala inglês?)
— No. Nothing. Just some phrases listed in these cards I have. Can you speak portuguese? (Não. Nadinha. Apenas umas frases listadas nuns cartões que tenho. Você pode falar português?)
O comandante do Boeing, atônito, ordena que a comissária de bordo carioca venha até a cabine e exclama:
— Hold on please, hold on... (Por favor, aguarde)
— Hã?!?! É... Sorry. I am having trouble to listen you, flight 2469. I don't understand english. (Desculpe. Estou tendo dificuldades em escutar você, vôo 2469. Não falo inglês)
A comissária chega à cabine, recebe instruções, pega o microfone e, empolgada com seu novo papel, manda bala:
— (Voz sexy) Este é o vôo 2469 da Bird Airlines, procedente de Nova York, solicitando instruções para pouso no Aeroporto Internacional de Guarulhos.
— Desculpe, pode falar mais alto? Sou um pouco surdo.
Comandante e comissária trocam um olhar de puro espanto. O nível de volume é aumentado ao máximo e a comissária insiste:
— (Voz séria) Vôo 2469 da Bird Airlines, procedente de Nova York, solicitando instruções para pouso no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Está me escutando agora? Parece que você não estava entendendo bolotas...
— Espere um pouco. Você desapareceu do radar. Mantenha a altitude até que apareça novamente no radar e eu possa conduzi-los com segurança ao aeroporto internacional de Pelotas.
— (Voz assustada) O meu!!! Quem falou em Pelotas ? Não quero Pelotas!!! Quero Guarulhos!!!
— Vocês ainda não estão no radar. Por favor, mantenha altitude e fique de olho no transponder. E... a propósito... como sabe que o aeroporto de Pelotas está interditado por entulhos? Eu só fiquei sabendo agora!
Irritada a aeromoça esquece o microfone aberto e dirige-se ao comandante, esquecendo também que ele não fala português.

— (Voz irritada) Isso é um absurdo!!! O senhor precisa queixar-se à matriz.
— Vocês ainda estão fora do sistema, mas pelo último registro algo me diz que passaram o aeroporto de Imperatriz há muito tempo. Você não tem plano de vôo? Eu nem sabia que tinha vôo de Nova York para Imperatriz... Mas fiquem calmos. Situação absolutamente sob controle. Essas panes do sistema acontecem mesmo. A gente até que reclama, mas por aqui dizem que isso é assim mesmo e que vai demorar para se alcançar um controle decente. Assim que o sistema voltar oriento seu pouso para Imperatriz. A propósito, você tem combustível para voltar para Imperatriz? Porque, pelo último registro, vocês tinham passado Belo Horizonte. Mais um pouquinho o sistema volta. Mantenha altitude...
— (Voz desesperada) Pelo amor de Deus!!! Está impossível!!! E não quero mais falar com você. I... m... p... o... s...í...v...e...l!!! Não quero, não quero, não quero!!!
- Combustível no zero? Céus!!! Isso é grave!!!. Ah!!! O sistema voltou. VOCÊS estão novamente no radar. Ufa!!! Deus é mesmo brasileiro!!! Então... esquece Imperatriz... o aeroporto mais próximo para vocês é Guarulhos, em São Paulo.
Meia hora depois, o Boeing 747 do vôo 2469 da Bird Airlines, procedente de Nova York, pousava suavemente no Aeroporto Internacional de Guarulhos.
Quatro horas depois, 400 passageiros são liberados pela Polícia Federal, que naquele dia resolvera fazer uma operação padrão, e ganham acesso a um saguão apinhado de gente, sem entender porque uma loja de uma das companhias aéreas havia sido invadida por passageiros que, aos berros, reclamavam dos dois dias que estavam aguardando seu vôo.
E, por não entenderem português, ignoram também a notícia exibida em um grande aparelho televisor de LCD, mostrando uma simpática senhora loira, a Ministra do Turismo, que frente a todo aquele caos declara: "Relaxa e goza!!!".

sábado, 23 de junho de 2007

Feliz Aniversário Eduardo

Quem um dia irá dizer que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer
Que não existe razão?

Eduardo abre os olhos e se levanta rápido, pois sabe que é hora de trabalhar. Enquanto isso a Mônica já prepara um café - como de costume (hoje é aniversário do Eduardo e Mônica vai deixar as crianças com a vizinha pra preparar um jantarzinho romântico). Eduardo e Mônica já estão juntos há 10 anos. Ele terminou a faculdade de jornalismo, escreve sobre filmes para um jornal. A Mônica vendeu a moto e comprou um carro maior para acomodar melhor as crianças. Tinta no cabelo? Não, não mais. Depois do casamento ela deixou para trás o velho costume de uma mulher em crise: as mudanças constantes no cabelo. Já não liga mais para o Bandeira, Bauhaus, Van Gogh, Mutantes, Caetano ou Rimbaud. Hoje ela gosta mesmo é de assistir novela com o Eduardo depois do Jornal Nacional.

A casa demorou a ficar pronta. A construção foi modificada várias vezes, até que Eduardo e Mônica decidiram vender tudo, deixar Brasília e mudar para o Sul. As fases de grana curta foram superadas depois que Mônica terminou a residência médica e abriu seu consultório. Os gêmeos já estão crescidos e Mônica pensa em aumentar a família.

Eduardo e Mônica seguem fazendo natação, tirando fotografias, indo ao teatro e comprando artesanato. As viagens são raras, já que Eduardo e Mônica não sabem o que é feriado ou folga no trabalho. Na primeira oportunidade que surge fogem para a praia, onde Mônica não desiste de explicar pro Eduardo coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar. Eles pararam de beber e são adotaram um estilo mais natural de viver. Foi simples assim, mesmo com tudo diferente, aos poucos eles começaram a ficar parecidos. Aquilo que parecia separá-los foi aos poucos desaparecendo e aproximando o casal que nunca perdeu a vontade de se ver. E como todo mundo dizia, ele completou ela e vice-versa, que nem feijão com arroz.

E quem um dia irá dizer que existe razão
Nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer
Que não existe razão?

quinta-feira, 21 de junho de 2007

A gente se f. (mas se diverte)

Segundo estatísticas universalmente aceitas, o avião é o terceiro meio de transporte mais seguro que existe. O primeiro é o trem e, o segundo, o elevador. Andar de avião, segundo essas estatísticas, é oito vezes mais seguro do que andar de bicicleta, 484 vezes mais seguro do que andar de automóvel, e 225 vezes mais seguro do que ficar dentro de casa, onde ocorrem muitos acidentes fatais. Mas será que esses dados ainda valem para o Brasil? Depois do acidente da Gol em setembro passado, ficam minhas dúvidas. Pra começar você não sabe se seu vôo vai sair ou chegar no horário previsto. Já tem que ir preparado para passar horas nos aeroportos onde não há muito conforto e tudo é muito caro, começando pelo cafezinho. Você corre o risco de surtar ou ter um ataque cardíaco no meio de todo esse caos que virou rotina nos aeroportos (já houve o caso de um passageiro que, sem conseguir relaxar, morreu na fila do aeroporto).

Ok, depois de toda essa angústia você embarca. Quando viajamos de carro ou ônibus sabemos que existe a possibilidade de uma colisão, de um acidente. Agora... imagina você lá nas alturas, com aquela impressão que seu avião pode se chocar com outro quando menos se esperar?!? Cabuloso. Por isso viajo sempre de ônibus. Não que seja mais seguro (nem entrou nas estatísticas do começo do post), mas por ser mais previsível. Você vai sair na hora certa e sabe o horário previsto pra chegar. Pode, no mínimo, se planejar. Tudo bem, não faria uma viagem de ônibus para o Nordeste, mas acho que ficar até 15 horas dentro de um busão é mais tolerável que 5, 6, 10 horas surtando em um aeroporto.

Sou especialista em viajar de ônibus. Já perdi a conta de quantas horas passei dentro de um busão nos últimos seis anos. Já fui até Vitória-ES, acredite. Foi um pouco cansativo, mas divertido. A pior foi uma para Campo Grande-MS. A viagem nem era longa, difícil foi dormir com tantos buracos na estrada e conseguir comer na única parada da aventura: um posto de gasolina que parecia mal-assombrado (tinha tanto inseto naquela ‘lanchonete’ que só consegui comprar um pacote de bolachas). Depois de um tempo você se acostuma. Pensando nisso, vou passar 10 dicas preciosas pra você que está pensando em encarar algumas horas na estrada:

1- Reze muito para que alguém decente sente-se ao seu lado – de preferência alguém magro, cheiroso e que não ronque. Pior que alguém roncando é mulher com criança pequena no colo. Se puder, fuja deles.
2- Compre um lugar perto da janela (sempre com antecedência). Assim você pode se escorar e dormir sem medo de babar em alguém.
3- Se possível, escolha um lugar no meio do ônibus. Em caso de acidente, você tem mais chances de sobreviver do que quem escolheu os primeiros bancos (risos).
4- Leve sempre uma blusa de frio. Os ônibus normalmente ficam parecidos com câmaras frias na madrugada. Se puder, em viagens mais longas, leve um travesseiro e um pequeno cobertor.
5- Se a viagem for durante o dia, uma revista ou livro ajudam a matar o tempo.
6- Para as viagens noturnas, um MP3, “Disc Men”, CD Player, qualquer coisa que possa consolar teus ouvidos ao lado que uma pessoa que queira puxar papo ou roncar de madrugada está valendo. Vai salvar tua noite.
7- Se você tiver dificuldades para dormir em ônibus, um Dramin® antes da viagem ajuda a relaxar (cuidado, tem gente que sofre o efeito rebote).
8- Não tome muita água antes e durante a viagem. Nunca vi banheiro decente em ônibus. Aproveite as paradas (as de São Paulo são as melhores) pra fazer um lanche e usar o sanitário.
9- Evite comer dentro do ônibus. Nada mais desagradável que alguém comendo biscoitos, “cheetos bola” e afins ao seu lado. Dê preferência para uma barra de cereais ou chocolates.
10- As chances de você se sentar ao lado de alguém “mala” são grandes. Mas fique ligado. Tenho uma amiga que se casou com um cara que puxou papo com ela em uma viagem. Começou no busão e acabou na igreja (quem sabe você não encontra a tampa da sua panela em uma dessas aventuras...).

Como (por enquanto) não há sinal de uma solução para a crise aérea no Brasil, siga minhas 10 dicas e vá de busão. Aperte os cintos e “relaxa”. Já “gozar”... é um pouco mais complicado. Pergunte à Ministra Sexóloga Marta como.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Pô Marta... até a Kelly Key...



Vamos lá:

▓ Pane na Embratel provoca nova crise nos principais aeroportos do país ▓ Pane pára aeroportos durante 34min; atrasos chegam a 25% dos vôos
▓ Controladores de tráfego aéreo do Cindacta-1 fazem operação-padrão "velada"
▓ Cindacta-1 determina suspensão de decolagens no aeroporto Tom Jobim no Rio
▓ Marta diz que turista deve "relaxar e gozar" para enfrentar aeroportos
▓ Marta se desculpa por "frase infeliz" e diz que não desdenhou população
▓ Marta volta a se desculpar por dizer que passageiro deve "relaxar e gozar"

Estes são apenas alguns títulos de matérias relacionadas à crise nos aeroportos. Que coisa! Não acaba nunca! Começou com o trágico acidente com a aeronave da Gol e não pára mais.

O duro é que ficamos sem opção. Se eu quiser visitar minha amiga Pri Carol em Curitiba, por exemplo, ou gasto um monte com combustível e pedágios e enfrento horas no volante, ou pego um ônibus, sem gastar muito, mas com mais de 12 horas na estrada ou... tento ir de avião. Tento!

Os atrasos, todos sabem, causam uma série de transtornos: é reunião perdida, hora do trabalho que se foi, show cancelado, o diabo a quatro. Mas o pior mesmo, a meu ver... é a espera! Ter de esperar no aeroporto é muito chato! Você não pode sair da área de embarque e fica sem muita alternativa do que fazer além de comer algo caro em alguma lanchonete ou (menos pior) comprar uma revista pra ler.

Ah!, quase me esqueço. A nossa ministra do Turismo, Marta Suplicy, deu mais uma alternativa dias atrás: "relaxa e goza". Maravilha... Ainda não peguei vôo depois da declaração, mas fiquei imaginando a troca de olhares numa sala de embarque entre um passageiro e uma passageira sozinhos. "Será que ela/ele tá pensando a mesma coisa que eu?".

Além de gerar uma certa revolta em quem usa o sistema aéreo com freqüência, a declaração virou motivo de chacota nacional, como esta charge do Lute, uma das melhores da safra pra mim.
Mas tem uma coisa recente que achei até mais cômica: a Kelly Key desdenhou da frase da ministra! Imagina só! Hahahahaha.

"A cantora brincou e disse que o aeroporto é um lugar com muita gente e que embarcaria sozinha. De tal forma, era impossível chegar ao relaxamento", diz matéria da Folha Online.
Pô Marta... até a Kelly Key...
Eu não lamento a frase da ministra.
Ao menos, tenho certeza, as pessoas tiveram o que conversar nos aeroportos.
O que é lamentável é a situação não ter fim.

Solução para a crise aérea

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Tolerância Zero!

Eu odeio esses scraps-spams “tenho uma fórmula para você emagrecer”. Todo dia aparece um desses no meu Orkut. Por acaso eu estou acima do peso e ninguém me falou? Afff, como tem gente chata nesse mundo. Será que esses spams vendem? Dão lucro? Eu acho que não, não é possível. Só se for pela insistência. Mas custo a acreditar. Todo dia é tudo sempre igual. O mundo precisa de simancol.

Sou complexa e difícil. Assumo. Nem sou muito delicada. Mas é um saco ser mal atendida aqui no comércio de Curitiba. Você fala bom dia, boa tarde, obrigada e nada. Ninguém responde. Sem falar na cara de bosta que as pessoas fazem ao te atender – às vezes acho que vou apanhar ou que alguém está me fazendo um grande favor (raras exceções). Tem dia que tento ser compreensiva, penso que a pessoa teve um dia ruim, que o marido dormiu de calça jeans, que tem um salário desgraçado... mas todo dia cansa (como se não bastasse ficar uma eternidade em filas). Não é à toa que os curitibanos têm fama de entojados. Minha mãe esses dias veio passear por aqui e ficou chocada com a má vontade do povo desta terra. Tolerância zero pra essa gente.

Se existe uma coisa que admiro nos americanos é a simpatia (seja ela falsa ou não). Aprendi com eles a sempre agradecer, dizer bom dia, boa tarde, por favor, sorrir para os velhinhos, segurar a porta para quem vai entrar, ser amável com as crianças (mesmo estando num péssimo dia). Não que meus pais nunca tenham me ensinado isso, mas é que você se acostuma ao ver esse tipo de atitude o tempo todo e em todos os lugares.

Eu sou a pessoa mais misericordiosa do mundo, ajudo sempre que posso - quem me conhece sabe. Mas fala sério. Se eu for ajudar todo mundo que me pede dinheiro, comida, o escambau, daqui a pouco não vou ter nem o que comer. Todo dia na entrada do supermercado (é, aquele da fila de meia hora e com a atendente grossa) tem alguém pedindo uma “ajudinha pelo amor de Deus”. Puta que pariu!!! Ninguém quer me dar uma esmola também?!? Estou há dois meses sem emprego e há cinco sem salário.

(Respiro fundo...) Ok, hoje acordei de péssimo humor, talvez porque não tenha dormido, talvez porque eu esteja contagiada por tudo isso: spams, filas, desemprego, pedintes, má vontade... Talvez apenas por ser mais uma segunda-feira-sem-rumo. Vai saber. E já que você se deu o trabalho de ler toda essa bobagem: obrigada pela paciência, tenha uma ótima tarde e uma semana maravilhosa!

domingo, 17 de junho de 2007

A Rainha Loira

Já que minha amiga resolveu falar dos loiros, vou falar da loira. Assim mesmo, no singular.
A esta loira não devo desculpas, pois nunca a subestimei. Mas confesso que demorei a me atentar ao seu rosto de menina, corpo de mulher e, acima de tudo, um charme que transcende a beleza. Pra falar a verdade, eu queria um verbo que fosse bem além de "transcender", um superlativo para ele.
Esta loira é uma atriz. O primeiro filme que me lembro de ter visto com ela foi uma porcaria, mas significou muito pra mim. Era 1998 e ali, na sala de cinema, começou meu namoro com a Maira. Ah... o filme era "Esqueceram de Mim 3". A tal atriz ainda era uma criança na tela e, sinceramente, nem me lembro dela na projeção.
O filme que mudaria sua carreira, a meu ver, veio em 2003. Mas, se eu contar que filme é esse, vocês matam de quem estou falando antes que consigam dizer "uau". Então, mantenhamos o mistério mais um pouco.
Desde então, seu nome só vem aparecendo mais e mais. O nome aparecendo e o todo o resto encantando. Eu lembro que ouvia falar da mulher, mas não lhe dava muita atenção. Não dava.
Depois de assistir a alguns de seus trabalhos mais recentes, não resisti a seu charme. Já estou quase naqueles casos em que o fã é apaixonado pelo ídolo... em que a presença do admirado provoca suspirinhos em série. Vá ser bela e charmosa assim lá em casa.
Como atriz... bom... como atriz ela tem ido muito bem, muito bem mesmo, mas ainda acho que lhe falte um papel desafiador, que nos deixe boquiabertos não por sua preseça, mas sua atuação.
Mas, como disse João Pereira Coutinho, colunista da Folha, ela não precisa de muita coisa. Basta aparecer.
Ok. Eu fiz mistério, mas sei pouco adiantou. Se você ainda não sabe quem é, assista "Encontros e Desencontros", "O Grande Truque" ou qualquer filme recente de Woody Allen. E deleite-se com Scarlett Johansson, a rainha liora do momento.


sábado, 16 de junho de 2007

Justiça aos loiros

Eu tenho um lema: “Nunca diga nunca”. Um dia a gente pensa de uma maneira, em outro podemos pensar bem diferente. Existe sempre a possibilidade de se mudar de idéia ("Só não muda de idéia quem já morreu": canta o refrão). Eu nunca fui muito fã dos loiros, mas hoje quero me redimir com três. Dois deles eu desprezava e o outro não conhecia.

O primeiro deles é o Brad Pitt. Nunca achei graça nesse ator. Pra mim não passava do mais novo brinquedinho de Angelina Jolie. Foi então que assisti “Babel”, filme do mexicano Alejandro González Iñárritu. Pitt interpreta um homem que tenta desesperadamente salvar a vida de sua mulher. O papel é pequeno, mas forte. O ator aparece só 26 minutos, e parece ser muito mais. Sem falar que as “ruguinhas” e o cabelo grisalho lhe caíram muito bem. Está perdoado Pitt!

O segundo loiro é Leonardo DiCaprio, que parece ter enterrado seu estigma passado de ser só um rostinho bonito. No filme “Os infiltrados” DiCaprio encarna seu personagem com uma fúria desconhecida, parecendo sempre a ponto de explodir. Uma das melhores performances do ator. Em “Diamante de Sangue” também, a atuação de Leonardo é correta, minuciosa e bem construída. Palmas para o Leo!

O último é Daniel Craig, que até pouco tempo eu desconhecia. Esse loiro abala qualquer estrutura quando emerge do mar do Caribe, sarado (cena inspiradora) e charmoso na pele do famoso agente secreto britânico James Bond (007) em “Cassino Royale”. Craig entrou para a história do cinema por ser o primeiro 007 loiro e apenas o segundo ator inglês a interpretar o célebre agente. Não exatamente bonito, ele conseguiu passar por cima de críticos (foi até chamado de Pug, aquele cachorro de cara amassada) e fãs mais tradicionais de James Bond e foi bastante elogiado por seu papel em “Cassino Royale”. Vale destacar a belíssima forma física do ator em uma cena de nudez (fala sério!). Seu nome é Craig, Daniel Craig, o loiro mais sexy do momento. Oscar pra ele!

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Enjoy the moment

A gente ouve no carro, na academia, quando estamos no computador, pra dançar, namorar, correr, no cinema ou na TV. A música está sempre presente em nossa vida (a minha tem trilha sonora, isso é certo). Quem nunca foi invadido por emoções ou lembranças ao ouvir uma determinada canção? Fico imaginando o mundo sem música. Como seria? Muito maçante, sem dúvidas – pra não dizer sem brilho, morto, sombrio. Tenho certeza que quando Deus criou o mundo o fez cantando e ouvindo algum som (provavelmente uma sinfonia de Bach).

Nunca me interessei muito por música clássica. Mas gosto, acho lindo ver e ouvir uma orquestra – foram pouquíssimas oportunidades. Ontem ganhei um convite pra assistir a um concerto com o maestro João Carlos Martins e a Bachiana Filarmônica. Maravilhoso. É uma sensação muito incomum parar para ver e ouvir música. Fiquei pensando... Quando fazemos isso? Quase nunca. Chega a ser estranho ficar ali sentado, mudo, parado para ouvir. Mas, depois de alguns minutos a música vai te envolvendo e você se sente privilegiado por estar presente. Os movimentos, a concentração dos músicos, o som que parece ter sido invocado dos céus, os aplausos à perfeição!

Ontem descobri que de vez em quando é preciso parar. Dar um pause na correria, na rotina viciada, nas manias e costumes sem valor, começar a enxergar além do que está na nossa frente e ouvir melhor. Não apenas a música, mas também às pessoas, à natureza, ao coração, a Deus. Às vezes estamos tão focados em nós mesmos, ou em algum problema específico, que nos esquecemos de escutar, observar e contemplar tudo o que está ao nosso redor, belo ou não. Perdemos informações importantes. Muitas vezes, as respostas para os nossos questionamentos passam batidas. Jogamos fora oportunidades, desperdiçamos tempo... Esse tempo que passa, com suas horas, minutos e segundos, que nunca mais poderão ser repetidos.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Soneto de uma era passada... passada?


Ontem foi Dia dos Namorados e juro que gostaria de ter postado. Não deu, mas o faço hoje.


Como não estou em época de namorar (se é que isso existe), publico pela primeira vez em algum lugar que não seja meu próprio caderno um soneto decassílabo que escrevi há 10 anos.


Falando a verdade, não se tira nada de bom dele. Mas pelo menos é decassílabo (contem!) e tem esqueminha de rimas. Igual eu aprendia sobre os sonetos clássicos nas aulas do APV (Apoio ao Pré-Vestibulando). Aliás, escrevi o poema durante uma das aulas do APV na qual certamente não prestei atenção.




Musas à volta


Palpita em arroubo o coração
Sentimentos não posso descrever
De alegria não hei de me conter
Pois cercando-me as musas estão

Olhando à volta todas posso ver
Sem égide, aflora-me a paixão
Minha busca, porém, é sempre em vão
Quando tento com elas me envolver
Portanto, somente a tristeza resta
Quando tento a alguma me achegar?
Não, pois terei nova chance com esta

Irei então, sem mais procrastinar,
Fazer o que me torna em grande festa
Eternamente flertar e flertar
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Espero que tenha contribuído para a cultura de vocês. O que sinceramente acredito que NÃO fiz.


Até mais.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Pais, filhos, a música & o tempo

Alguns sons marcaram minha adolescência. Ouvi muito Nirvana (smells like teen spirit), Guns’n’Roses (november rain, don´t cry), Smashing Pumpkings (disarm), Red Hot Chili Peppers (give it away), A-ha (crying in the rain) e Legião Urbana (entre outras que não me recordo). Foram muitas as músicas do Legião, mas a que mais me marcou foi “Pais e filhos”. Eu não me dava muito bem com meus pais, com meu pai especificamente. Ele sempre foi super-protetor e não me deixava fazer nada. “Não” era a palavra que mais ouvia. Não podia namorar, não podia sair, não podia chegar tarde em casa, não podia conversar com os meninos... risos. Era muito “não” pra minha cabecinha.

Então, toda vez que eu ouvia “Pais e filhos” e chegava naquela parte que dizia: “Você me diz que seus pais não lhe entendem/ Mas você não entende seus pais/ Você culpa seus pais por tudo/ E isso é absurdo/ São crianças como você/ O que você vai ser/ Quando você crescer?...” eu ficava “P” da vida porque, embora não quisesse concordar, sabia que ele tinha razão ao cantar isso. Hoje, bem crescidinha, posso afirmar que isso é verdade. Sou um pouco (pra não dizer muito) dos meus pais. Isso inclui qualidades e, principalmente, defeitos. Constantemente tenho atitudes que mais detestava neles (digo isso sem ainda ter filhos, imagine quando tiver... dá até medo). Mas também herdei muitas qualidades, e disso me orgulho muito. Resumindo: ninguém é perfeito!

Nada como o tempo para nos ensinar algumas coisas. Aos poucos aprendo a perdoar mais e tento não guardar mágoas. Aceito algumas coisas ao invés de tentar mudá-las. Assumir o erro, pedir perdão e não culpar o outro não é fácil, mas com o tempo se aprende – tem que treinar. Não se apegar a coisas materiais, mentir menos, pensar antes de falar bobagem, se colocar no lugar do outro, ouvir mais e falar menos... a lista é enorme. Como cantava o poeta Renato Russo, ainda em "Pais e filhos": “É preciso amar as pessoas/ Como se não houvesse amanhã/ Por que se você parar, pra pensar/ Na verdade não há...”

O fator Leste


Eu fico tentado, sempre, a escrever seriedades. Influência de minha companheira de blog, tão sóbria em tudo que diz. Mas hoje, com orgulho, volto às balelas e abobrinhas, o primeiro impulso deste site.

Gostaria de falar do “fator Leste”. Não sabe o que é? Não tem a mínima idéia?
Se o leitor conjectura tal fator ser algo relacionado ao clima (talvez ao aquecimento da Terra), à geopolítica mundial, à economia global, cabe a mim desmistificar o fato. O fator Leste não tem a ver com o norte, o sul, o oeste e nem mesmo o leste, mas sim à minha avó, Maria Celeste, conhecida simplesmente como.... “Leste”!

Acontece que fui passar o feriadão prolongado na pacata Joanópolis, cidadezinha encravada nas montanhas da Serra da Mantiqueira, pertinho de Minas Gerais. Programa em família: avó, tios, primos, cônjuges de priminhos e a priminha de 3 aninhos que divertiu a todos.

Lá estávamos nós nos divertindo com um jogo chamado Belote, fácil de aprender, mas complicado para se explicar assim, escrevendo. Mas o que é preciso saber para entender o fator Leste é o seguinte:
- Na primeira rodada, cada jogador recebe uma carta. Na segunda, duas... e assim por diante.
- Cada carta será um turno da rodada. O objetivo do jogador é acertar previamente quantos turnos vai vencer. Se declarar que vence um e ganhar três, já era, zerou.
- E, pra exemplificar: na rodada com seis cartas, há seis turnos para serem vencidos: se um jogador declarar que ganha quatro, outro que vence três e outro que leva dois, a soma dá nove, eu seja... alguém já errou e se danou (ou todos erraram... e se danaram...).

Bom... estávamos lá nós jogando em sete pessoas, com dois baralhos. Entre os jogadores estava a Leste, que começou humildemente dizendo que ganharia um turno (já começamos com três cartas pra adiantar o jogo). Ela acertou, fez seus pontinhos e tudo bem.

Aí começou o que se revelaria o fator surpresa do jogo. A Leste, pouco entendendo as regras ou simplesmente se fazendo de boba mesmo só pra ver o circo pegar fogo, resolveu apimentar a partida com previsões erradíssimas de seu jogo. O problema é que um jogador sempre tem uma idéia do que pode apostar pelo que o outro já apostou (Exemplo: se, em seis turnos, alguém fala que ganhar quatro, eu já vou de manha por considerar que ele deve ter cartas boas na mão...).

Aí era um tal da Lesta dizer que ia ganhar um turno e vencer quatro. Ou então falar que levaria quatro fácil e não conquistar um sequer. Em poucas rodadas, o termo “fator Leste” já estava criado.

“Puxa... eu acho que ganho três turnos... mas preciso contar com o fator Leste”... era uma frase comum na mesa. E lá estava ela a apostar nada e descartar coringas em turnos que pareciam ganhos pelos jogadores que haviam armado sua estratégia.

Aquele simples jogo entre familiares (no qual a Leste só acertou sua pontuação em duas rodadas e ficou em último, mas deu muita diversão a todos) me fez pensar como o fator Leste está presente no dia-a-dia.

Às vezes temos tudo planejadinho, arquitetado para vencermos os turnos que precisamos... e lá vem um fator surpresa nos tirar o doce da boca. O sabor, muitas vezes, fica amargo.

Mas é aí que temos de saber ser flexíveis. Jogo de cintura é essencial. Saber lidar com as adversidades é imprescindível. Eu que o diga.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Bem me quer, mal me quer...

Há uns dois anos eu tive uma crise. Foi o dia em que um ex-namorado se casou. Tudo bem, tive bem poucos até hoje, mas todos já se casaram. Mesmo nem gostando mais dele, naquele dia parei pra pensar se havia alguma coisa errada comigo. Lembrei também que todas as minhas amigas de infância estavam casadas e com filhos há um bom tempo (juro, não me lembro de uma sequer que não tenha se casado).

Hoje, isto não me incomoda mais e nem penso mais que haja algo de errado com a minha pessoa. Sinto-me aliviada por não ter me casado com meus ex-namorados, pois não tínhamos nada a ver um com o outro. Não há razões pra neuras e fazer como o John Cusack em “Alta Fidelidade”. O dia em que você encontrar alguém surrealmente especial vai agradecer aos céus por todas as relações frustradas, pode acreditar.

Acabei entrando neste assunto pela proximidade do Dia dos Namorados. Eu sempre detestei essa data (aliás, sou contra todas as datas comemorativas), ficava furiosa por não ter alguém pra passar “o dia”, ganhar ou dar um presente. Confesso que este ano o Dia dos Namorados não está me afetando, mesmo. Deve ser um sinal de amadurecimento, risos. Hoje, só encaro um namoro se estiver literalmente cega de amor, apaixonada, encantada... senão, nada feito! Tenho amigos e amigas que têm uma necessidade absurda de estar com alguém. Não entendo muito bem essa “carência afetiva”. Amo minha liberdade, não ter que dar satisfação sobre com quem saio ou quem deixou recados no Orkut. Odeio grude. Na minha vida mando eu – pelo menos por enquanto.

Hoje, ao contrário de ver os ex se casando, presencio os divórcios de amigos e pessoas próximas (e até dos ex). Claro, faz parte da vida: nascer – morrer, casar – separar, plantar – colher... mas isso dá forças para não me sentir menos amada ou encalhada, e não ter pressa pra encontrar a pessoa certa (se é que existe uma). Ansiedade faz mal, nessa área, pior ainda. Claro, não tenho sangue de barata, às vezes me sinto carente também, mas aí solicito a companhia, atenção e ajuda dos amigos (amigo homem é tudo de bom!).

Se por acaso você está sozinho ou sozinha e entra em crise cada vez que passa uma propaganda do Dia dos Namorados na TV, tenho uma boa notícia: no Brasil, existem 30 milhões de solteiros e as 27 milhões de solteiras (dados do Censo do IBGE). Isso significa que existem milhões de pretendentes soltos por aí à sua procura. Na padaria, na locadora, na cafeteria, na fila do supermercado, na livraria, no trânsito ou até no Orkut... tenha fé! Quando você menos se esperar, vai encontrar.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

O controle e o acaso

Ir ao cinema sozinha sempre foi algo comum e agradável pra mim. Nunca me queixei por não ter companhia. Lamento, sim, a falta de grana pra poder fazer isso com mais freqüência. Hoje, no meio da tarde, me permiti este deleite. O cara da bilheteria me cobrou mais caro dizendo que era feriado. Eu contestei. “Feriado foi ontem”. Mas não teve jeito. Fui assistir ao filme “Não por acaso”. Vi o trailer deste longa-metragem de Philippe Barcinski na semana passada "por acaso". Já gostei de cara porque vi meu "muso inspirador", Rodrigo Santoro, no elenco. O fato de ser um drama também reforçou minha necessidade de ver o filme. Não cultuo dramas, mas gosto de histórias que tratem da complexidade do comportamento humano, do mundo, que tenha sentimentos.

“Não por acaso” conta as histórias de Pedro (Rodrigo Santoro) e Ênio (Leonardo Medeiros). Pedro namora Teresa (Branca Messina), que sai de casa para morar com ele e aluga seu antigo apartamento para Lúcia (Letícia Sabatella). Ênio, separado de Mônica (Graziela Moretto), tem uma filha de 16 anos, Bia (Rita Batata) - os dois nunca tiveram contato.

Pedro e Ênio são ligados pela falsa idéia de que podem controlar tudo que está à volta. Pedro, especialista em sinuca, busca o domínio absoluto das bolas em uma mesa de bilhar. Ênio, engenheiro de trânsito, procura manipular o fluxo de automóveis e colocar em ordem o caótico tráfego da cinzenta e solitária São Paulo. Em tramas paralelas, um acidente de carro provoca a morte de duas mulheres (a namorada de Pedro e a ex-mulher de Ênio) e desencadeia uma trama sobre a dificuldade de conviver com a perda.

Imensamente ferido e indefeso, Pedro é surpreendido pelo acaso ao conhecer a inquilina para quem a namorada alugou seu antigo apartamento, a executiva Lúcia. Eles se envolvem rapidamente, mas ele parece temer suas emoções. Já Ênio, passeia nos finais de semana com a filha Bia, a quem ele acaba de ser apresentado. Depois da morte da mãe, a moça aproxima-se do pai biológico, sempre na defensiva, seduzindo-o aos poucos na busca de recuperar o tempo perdido e viver um relacionamento de pai e filha. O resto do filme não vou contar, senão perde a graça. Leonardo Medeiros impressiona com seu magnetismo. Rodrigo Santoro é impecável na interpretação, veste o personagem e encanta. A trilha sonora é legal, mas às vezes parece estar sobrando na história. Destaque para “Laços”, interpretada por Nasi e “Deixo Meu Coração na Mão de Quem Pode”, com Kátia B.

Respire, valorize os instantes, os gestos e expressões, sinta o ambiente, toque, veja o que está ao seu redor. “Não por acaso” leva-nos a pensar sobre impossibilidade de controlar o incontrolável. Conscientiza-nos de que a vida é muito mais imprevisível do que imaginamos. Ensina-nos que precisamos abandonar o controle para descobrir o gosto da emoção e acreditar que o que está por vir pode ser mais intenso e saboroso.

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Liberdade X responsabilidade


Vinte e sete anos. Como diria uma amiga minha, e daí?
No dia do meu aniversário, gostaria de escrever algo original sobre o avanço da idade. Difícil missão. Falar de amadurecimento, de experiência, de refletir o passado e pensar o futuro, tudo, de certa forma, seria clichê.
Adular o “carpe diem” poderia ser outra linha... mas nada que saísse do lugar comum. Então, sem prometer a tal originalidade, vou por um caminho semelhante, mas bem pessoal.
Liberdade e responsabilidade. Escrevi uma vez uma letra de música em que apontava o equilíbrio dessas duas forças como a chave para uma vida bacana. Vive-se todos os prazeres que se pode alcançar sem abrir mão da responsabilidade.
Eu poderia, por exemplo, em busca de puro prazer, investir em alguma viagem química. É aquela história: é proibido, mas, se você quiser, é fácil como comprar pão (como já disse Gabriel, o Pensador).
Um exemplo claro estava ali em Porto Seguro, onde os vendedores gritavam: TATUAGEM, TATUAGEM, TATUAGEM, TATUAGEM, marijuana! (Caixa alta = voz alta / caixa baixa = voz entre dentes). Ou então: Vai tatuagem aí? E as coisas boas?
Me pergunto: pra quê entrar nessa? Pôxa... eu e meus amigos e amigas nos divertimos muito bem sem “muletas psicológicas”, como diz mamãe. Álcool ainda vá lá, em ocasiões bem especiais (e qualquer festa é uma ocasião especial, não?).
Outra coisa pela qual eu primo é o princípio da camisinha. Melhor ter e não usar do que querer usar e não ter. Me dei conta da real importância do princípio ao chegar na hora do “vâmo vê” e partir para coisas alternativas (certamente satisfatórias!) por não ter o artigo anticoncepcional. Desde então, ando com uma no bolso pra qualquer festinha que vou, mesmo que não tenha a mínima expectativa mesmo de beijar alguém. Nunca se sabe o que pode acontecer.
Aos 27 anos, procuro aproveitar plenamente a vida sem abrir mão da minha segurança e das pessoas que estão à minha volta. Não vou dirigir bêbado, me envolver em brigas bestas, entrar na ilegalidade pra conseguir mais grana, este tipo de coisa. Arrisco sim: fazer mergulho, rapel, trekking e afins são pequenos desafios à vida em que o perigo é controlado. Mas estar vivo já é desafiar a vida. A chave para aproveitar ao máximo sem ser louco de verdade é equilibrar liberdade e responsabilidade.

Dia de festa!!!




quarta-feira, 6 de junho de 2007

De perto ninguém é normal

Mania é uma coisa curiosa. Cada um tem a sua. Eu sempre tive as minhas. Algumas vêm e ficam. Outras desaparecem com o tempo. Vou contar algumas manias, começando pela mais antiga. Quando criança, ganhei um jogo de colher, faca e garfo com cabinhos azuis da minha avó (já falecida). Bom, do joguinho, acho que só o garfo existe até hoje. Sempre que vou pra casa (acredite) só uso meu garfinho para comer.

Esses dias meu chuveiro queimou e eu tomei banho na água fria (vale lembrar que a temperatura média aqui tem ficado nos 4º nas últimas semanas). Não consigo colocar roupa e sair de casa sem tomar banho.

Por falar em sair, pela manhã, se tenho algum compromisso, acordo horas antes. Primeiro preciso tomar café, depois ver a roupa que vou colocar, tomo banho, me troco e depois saio. Nunca me atraso. Nunca me atraso mesmo. Sempre chego com 15, 20 e até 30 minutos de antecedência. Se eu não chegar no horário, pode apostar que alguma coisa saiu errado.

Voltando ao café da manhã, veja só qual é minha nova mania: comer pão com ovo mexido e café preto todas as manhãs. Já dura um mês, acredita? Isso porque sempre evitei ovo por não “cair bem” no estômago (o mexido não faz mal!). Mas acho que logo enjôo desta nova mania. No ano passado foi o vinho, todas as quintas-feiras eu comprava um vinho pra tomar no fim de semana. Acho que fiquei viciada. Com o calor a mania sumiu.

Tenho outras que são quase um Toc (Transtorno Obsessivo Compulsivo). Não suporto ver a pia da cozinha molhada. Se tiver uma gotinha de água vou lá e enxugo. Detesto louça suja na pia. Cabelo no chão me dá asco. Coisas fora do lugar - idem. Tenho mania de ficar contando cadeiras quando vou para algum lugar como um consultório ou qualquer sala de espera. Também costumo contar aquelas luzes fluorescentes horizontais na igreja, em algum auditório ou cinema. Odeio gente comendo e fazendo barulho no cinema (abrindo lata ou mastigando pipoca). Tenho pavor que escovem os dentes perto de mim. Ultimamente ando com algumas “neuras”como: verificar se o gás do fogão está desligado ou se deixei alguma luz acesa antes de sair. Apagar as luzes é um dever. Se não estiver sendo usada, deve ficar apagada! Essa é uma boa mania, traz economia (rimou). Separar o lixo reciclável também é uma mania saudável (rimoooou de novo). Quem já veio em casa e jogou o lixo no lugar errado sabe bem como é.

Manias, manias e mais manias. Sistemática ao extremo, fico por aqui. Senão, vou enlouquecer vocês com minhas maluquices. Eu juro que tento, na medida do possível, seguir minha vida de uma maneira que eu me sinta bem comigo mesma, mesmo que isso às vezes incomode as pessoas ou me faça passar por louca.

terça-feira, 5 de junho de 2007

Alma

Conheço-te e não acredito no acaso. Pertenço-te e pouco me importa o luxo. Vou endividar-me em beijos. Perder-me em teus braços. Invadir teus olhos. Derreter-me em suas mãos.
Afogar-me em abraços. Vou entrar por sua boca absoluta. Viajar no seu mundo secreto. Divagar em sua mente. A aleatoriedade é meu guia. Esqueça o filme, jornal, comercial. Nada me distrai. Domina-me. Seu mistério me atrai. Sou cão sem dono. Encontre-me. Sentimentos não-descartáveis. Necessito. Um fio de esperança. Busco. Ontem sonhei. Acordei com seu gosto. Vamos fazer nossa própria lei. Seguir nossa política. Escrever uma história. Vou te cegar. Fui escrita em braile. Quero ser lida.
Leia-me. Até se cansar. Então esqueceremos. Que o mundo é imundo.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Orkut: sim ou não?

Esses dias eu quase saí do Orkut. Na verdade me exclui de lá num ato de ira incontrolável. Não sei o que foi que aconteceu, mas a minha página segue no ar. Fiquei de cara com uma pessoa encoberta por um perfil fake (falso) que passava por lá deixando ofensas e palavras de péssimo gosto (quer falar mal fala na cara!). No fim das contas acabei bloqueando esse/essa desocupada e meu perfil (mais enxuto) segue no ar.

Teve uma época em que saí do Orkut, mas acabei voltando pela necessidade de tentar localizar algumas pessoas com as quais perdi contato depois da minha retirada temporária. Esses dias notei que alguns amigos abandonaram o Orkut sem dar ao menos um tchauzinho (eu optei por me despedir e acabei ficando). Os argumentos da galera são sempre os mesmos: medo, sensação de insegurança por causa da exposição pública, sentem-se vigiados e blá blá blá blá blá blá...

Gosto do Orkut porque posso manter contato, mesmo sendo virtual, com os amigos que deixei por aí. Às vezes reencontro alguns e faço novos também. Conheci pessoas fantásticas por causa do Orkut (direta ou indiretamente). Amigo da amiga do amigo... histórias assim. Sensacional. Compartilhar gostos pelas comunidades mais malucas do mundo é uma diversão à parte. Tudo bem que a violência no Brasil e a demência de algumas pessoas - como essa que me torrou a paciência semana passada - nos causa espanto e receio. E outra, na boa, se você tem algo pra esconder não entre no Orkut.

Exposição é algo muito relativo. Estamos sendo vigiados o tempo todo: na rua, no elevador, nas lojas, nos shoppings, no computador da empresa. Somos praticamente personagens de um “Big Brother” da vida real. Por isso acho exagero condenar e viver cheio de pudores com o Orkut. Vivemos numa era midiática, sem fronteiras, globalizada. O site (depois do Google, que é seu dono) é um dos maiores fenômenos da Internet. Me sinto feliz por fazer parte dessa revolução tecnológica. Acho que a Internet, como tudo na vida, nos oferece caminhos para coisas boas e ruins, cabe a cada um escolher o seu. É uma questão de bom senso. E como já dizia minha avó: cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.

domingo, 3 de junho de 2007

Boa vida (imaginária)

Nossa.... estive tanto tempo fora que meus posts sumiram do site!
Minha amiga Pri Carol escreveu tanto que... puxa, os meu ficaram lá pra baixo, relegados à lista do histórico.
Sinal de que ela anda inspirada.
Falando em inspiração... vamos ao post.


No momento em que eu estava deitado na proa de um barco a motor vi o sol da liberdade, em raios fúlgidos, brilhar no céu da pátria. Ao som do mar e à luz do céu profundo, quem deitava em berço esplêndido não era o Brasil, mas eu, iluminado ao sol do Novo Mundo.
Esta relação toda com o Hino Nacional só podia ter acontecido mesmo em Porto Seguro. Onde passei a última semana (e de onde escrevo agora). Pena que o tal novo mundo não passasse ali de uma mera divagação sonhadora de um falso bon vivant.
Enquanto tinha aquela visão espetacular do mar da Bahia, criava imagens de uma vida que nunca tive e que talvez nunca tenha, mas que todos nós sonhamos em ter. A vida boa de um boa vida.
Quem nunca se imaginou vencedor da mega-sena? Em receber uma herança milionária de um parente desconhecido? Em dormir bem e acordar ainda melhor e riquíssimo?
Naquele momento, na real, eu era apenas um turista que se aproveitou do pacote mais barato para viajar uma semaninha sem gastar muito. Nas divagações, brincava de ser um homem acostumado àquela vida, pra quem o mergulho entre corais e peixes que eu acabara de fazer (prometo fotos em breve...) era um passatempo quase corriqueiro, coisa de fim de semana. E o barco era meu, claro.
Chegar a esta vida boa partindo de uma vida "comum", de classe baixa ou média, não é nada fácil. Talvez tenha sido isso que me desencantou um pouco na correria das redações: saber que o crescimento dentro da profissão é engessado e que, em 20 anos, por melhor que seja, provavelmente não tenha como conquistar sucesso suficiente para ter meu próprio barco.
Por isto estou dando um jeito pra tentar mudar de vida. Há uma perspectiva aqui e outra acolá, mas, até agora, nada concreto.
Vou correr atrás dessas perspectivas.
Enquanto isto, continuo jogando na mega-sena sempre que o prêmio bate na casa dos míseros R$ 10 milhões. Tá, é difícil ganhar. Mas se eu não jogar, a chance é zero. Jogando, ela é pífia em superlativo, mas não é nula.

Até mais.

Coexistence

Vezenquando
Num deserto de almas também desertas
Uma alma especial reconhece de imediato a outra
Sem efusões, se reconhecem
Foi no primeiro segundo do primeiro minuto
Trocavam músicas quasisempre
E cinema também, os dois gostavam
Pouco a pouco se aproximaram
Se conheceram, se misturaram
Tão lentamente que mal perceberam
Havia uma estranha e secreta harmonia

Foi tudo tão naturalmente
Como se de alguma forma inevitável
Histórias pessoais, passados, alguns sonhos
Pequenas esperanças e sobretudo queixas
Queixas daquela vida, daquele nó
Tudo que apertava no fundo do peito
Foi no último segundo do último minuto
Aqueles corpos pareciam corpos de quem nunca amou
E a gente acostuma com esse deserto
Que parece que nunca nunca vai terminar


(Inspirado em Caio Fernando Abreu)

sábado, 2 de junho de 2007

O que te escandaliza?

Li ontem na Folha que o Roberto Justus, aquele do programa Aprendiz (agora O Sócio – TV Record), demitiu dois participantes do reality show devido a uma instalação ilegal e a intenção declarada de um dos concorrentes em subornar fiscais da prefeitura durante uma prova. O integrante resolveu colocar uma tenda com a marca de determinada empresa na calçada de uma avenida em São Paulo, mesmo sem autorização da prefeitura. O executivo Eduardo Rodrigues Franklin, 39, disse que reservaria R$ 100 caso fiscais da prefeitura aparecessem no local. A sugestão foi aceita pelos demais integrantes do grupo. No programa, Justus tacou-lhes um discurso a favor da moral e da ética nos negócios e demitiu dois candidatos de uma vez só – fato inédito no programa.

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O escândalo revelado pela Operação Navalha, da Polícia Federal, levou no dia 22 de maio um ministro a pedir demissão ao presidente Lula. Silas Rondeau entregou seu cargo no ministério de Minas e Energia. Ele é acusado pela polícia de ter recebido propina da construtora Gautama, a empreiteira-mãe do esquema de fraude em obras públicas.

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Já no dia 28 de maio, o presidente do Senado, Renan Calheiros, do PMDB de Alagoas, foi ao plenário defender-se da suspeita de ter usado dinheiro do lobista Cláudio Gontijo, da construtora Mendes Júnior, para pagar pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem teve uma filha em 2004. O senador confessou que teve um relacionamento fora do casamento, que lhe deu uma filha, e que ele assumiu a paternidade um ano e cinco meses após o nascimento da menina. Os advogados agora tentam convencer que Renan Calheiros tinha recursos para bancar a pensão da filha e que o dinheiro saiu das contas dele, e não do lobista da construtora, como denunciou a revista Veja na semana passada.

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Voltando mais um pouco no tempo, no dia 21 de maio, o Jornal Nacional colocou no ar uma matéria que mostrava (veja aqui) cidadãos brasileiros assumindo que já haviam praticado atos de corrupção. Ao mesmo tempo em que a população condena o comportamento sujo praticado pelos políticos, acabam não apenas seguindo pelo mesmo caminho, mas cometendo os mesmos erros sem qualquer culpa (o velho jeitinho brasileiro). Já quem dá o exemplo, como mostra a mesma reportagem, passa muitas vezes despercebido e desmotivado.

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Cerca de 24 mil pessoas aceitaram o desafio e participaram da seleção para entrar no programa comandado por Roberto Justus na Record, mas apenas 16 foram escolhidos para concorrer a um emprego na agência de marketing Wunderman (em Nova York) com salário anual de R$ 500 mil. E quem diria, do supra-sumo da “competência”, revela-se um ser capaz de declarar-se corrupto em rede nacional. Justus fez muito bem em mandá-los de volta pra casa e deve ter feito muita gente parar pra pensar naquele momento. Isso prova que ter um bom currículo não garante caráter. E a falta dele também não justifica a desonestidade.

Furar fila, estacionar em local proibido, ocupar vagas destinadas aos deficientes físicos, passar pelo sinal vermelho, falsificar carteirinha de estudante, fazer um gato na TV a cabo do prédio, não emitir nota fiscal, pagar uma propina para um policial... quem nunca passou perto de atitudes como estas? Pois é, isto não nos deixa muito longe dos escândalos que saem todos os dias na TV. Acredito que, se quisermos cobrar algo de alguém, seja de quem for – do político ladrão ou do posto que nos vende combustível adulterado -, precisamos primeiro fazer a nossa parte. Você acha pouco? Bom, eu acho o suficiente.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

O papel, o computador e o fim dos tempos

Li uma reportagem hoje na Revista da Folha que anualmente cerca de 850 milhões de cartas (cartas mesmo, de pessoa física para pessoa física) passam pelos postos dos Correios. Esse número corresponde a 10% do que eles chamam de objetos postais, que são contas, encomendas e malas-diretas enviadas e recebidas no Brasil. De acordo com o consultor da presidência dos Correios, a porcentagem é a mesma há mais de dez anos.

Em 1994, quando a Internet começava a se alastrar por aqui, os Correios circulavam 4,6 bilhões de objetos postais. Hoje, esse número dobrou. Ou seja: mesmo com o advento do e-mail, as pessoas não deixaram de postar - a correspondência comercial, claro, mas também a pessoal. Entre outras histórias, a matéria conta sobre um engenheiro que faz questão de se sentar nos momentos de folga para redigir extensas e calorosas cartas para os amigos. Achei isso tudo muito curioso e viajei lá pra minha infância, nos anos 80, quando os românticos papéis de carta eram objetos de desejo. Será que alguma menina de 12 anos hoje sabe o que é um papel de carta? Certamente não. Estão em extinção. Eu devo ter em algum lugar na casa dos meus pais uma pasta com papéis de carta. Quando for pra lá vou procurar. Relíquia.

Tenho que confessar que sou uma pessoa saudosista. Levar a carta aos Correios e olhar diariamente a caixinha na esperança de encontrar a resposta (levava dias, semanas e até meses) era uma ansiedade sem igual (hoje só recebo cobranças pelos Correios). Mas, honestamente, não trocaria a facilidade que a tecnologia proporciona hoje, por estes velhos rituais de comunicação. A Internet chegou para ficar e facilitou a comunicação entre as pessoas (pelo menos é o que acredito). Mas isso não quer dizer que estamos nos comunicando melhor. Mesmo com tanta facilidade e tecnologia à disposição, todo mundo se queixa da falta tempo – que ironia. Então gastamos tempo demais falando com trezentas pessoas ao mesmo tempo pelo MSN, deixamos um “scrap” pra nos desculpar pela falta de tempo, mandamos um “torpedo” para desmarcar o encontro porque faltou tempo, ignoramos os e-mails porque não dá tempo de ler e nos adaptamos facilmente a uma vida virtual. Nos comunicamos mal, muito mal (será o fim dos tempos?).

Hummm, pensando bem, acho que estou com saudades dos papéis perfumados, das letras desenhadas, dos envelopes coloridos e dos selos lambidos... Alguém tem uma caneta aí?! (Acho que ainda dá tempo).