Era só a segunda vez que Lucas e Lívia ficavam, mas a coisa já estava bem quente. No dia anterior, quando saíram pela primeira vez, uma boa dose de química já havia esquentado a relação. Agora, tudo estava em ponto de ebulição.
Um "quase-acaso" no trabalho havia colocado os dois frente a frente. Lucas, vendedor de eletroeletrônicos em uma megaloja, viu seu celular dar o último suspiro de vida em um domingo preguiçoso. Na segunda ele falaria com Katie, vendedora do estande de celulares que já tinha virado sua amiga com a convivência na loja. Mas, no lugar de Katie, estava Lívia. Lívia, loira, linda.
"Oi... cadê a Katie?", perguntou.
"Ela foi fazer um treinamento em São Paulo. Vou cobrir ela aqui por três dias", respondeu Lívia, com um sorriso desconcertante.
Lucas escolheu seu modelo e fechou a compra. A primeira venda de Lívia na loja. Brincaram em cima do tema e perceberam... havia um flerte no ar. Nos dois dias que se passaram, conversaram bastante.
"Quer dizer que você vai embora amanhã?".
"É... vou voltar para o meu estande no shopping".
"Ah... bom... foi tão legal conversar com você esses dias... a gente poderia sair qualquer dia desses".
"É... é uma boa idéia. Também gostei bastante de ter te conhecido", disse Lívia, mexendo no seu próprio celular.
"Me dá seu número então".
"Você já tem...".
"Já?".
"Já... acabo de fazer uma ligação para o seu celular. Meu número tá marcado lá no seu."
"E você tinha meu número?".
"Tinha... (riso). Eu não sabia por que... mas resolvi anotar quando vendi o aparelho pra você. Agora eu acho que eu já queria sair com você (mais risos)".
Agora estavam ali, no segundo encontro em dois dias. Tiveram de deixar o barzinho que escolheram porque já não estavam se agüentando. No carro dele, os dois ofegavam entre beijos, carinhos, apertões e carícias. Quando finalmente conseguiu dar partida no veículo, Lucas dirigiu até o primeiro cruzamento, uma avenida. Para a direita, iria à casa de Lívia. A esquerda conduzia a uma rodovia com os principais motéis da cidade. Olhou para ela, soltou um sorriso e virou à esquerda. Lívia não reclamou.
Naquela rodovia os motéis eram realmente bons. Mas um pouco longe. Superar a distância valia a pena. Enquanto Lucas dirigia, Lívia só fazia carinhos em sua nuca. Áté que...
"Espera um pouco... pra onde você está me levando?"
"Ah, Lívia... (meio atônito). Faz 10 minutos que estou na rodovia, para o lado oposto ao da sua casa... e agora você me pergunta pra onde eu estou te levando?"
"Você está louco??? Pode voltar! Volta agora! Olha... ali tem um retorno. Volta já!"
Lucas entra no retorno e aproveita a calmaria do lugar para parar o carro.
"Desculpa... nossa... estou super sem graça agora".
"Não é nada de mais. Tudo bem".
"É que eu achei que tinha clima, sabe?".
"Clima tinha. Mas também não é assim...".
"O que você quer dizer? Só porque é nosso segundo encontro não pode rolar?".
"Éh... é por aí...".
"Olha... me perdoa, de verdade. Não fiz mesmo por mal. Eu virei pro lado contrário da sua casa. Você não falou nada. Achei que quisesse".
"De verdade, Lucas. Tá tudo bem. Só vamos voltar. Não é nada de mais".
"Tá bom".
Durante o caminho, ele ressaltou que estava sem graça e ela que não havia problema.
Em frente à casa dela, Lucas já estava mais relaxado. Logo estavam se beijando de novo. E não demorou muito para que as coisas esquentassem. E pra valer. Como nunca. Em minutos, Lucas não entendia como Lívia havia pedido para que ele voltasse. Resolveu falar isso.
"Com tanta química... a gente não deveria ter voltado".
A resposta de Lívia surpreendeu.
"É... não mesmo".
Lucas pensou em dar partida no carro. Mas teve uma idéia melhor.
"Melhor eu ir embora. Amanhã nós dois trabalhamos".
"Mas tá tão bom... fica mais um pouco".
"Que tá bom eu já sei (sorriso). Mas precisamos dormir. É sério".
Lucas abriu sua porta, se levantou, deu a volta no carro e gentilmente abriu a de Lívia, agora meio inconformada com a súbita interrupção do romance. Com um beijo rápido se despediu e voltou para o carro.
"Boa noite. Dorme bem".
"Você também. Quando a gente se vê de novo?", perguntou Lívia.
"Você trabalha no sábado?".
"Não".
"Nem eu. Que tal na sexta, então? Aí podemos ficar a noite toda sem a preocupação de trabalhar no outro dia".
Um sorriso nasceu nos lábios de Lívia.
"Vai ser ótimo".
Lucas esperou Lívia entrar e deu partida no carro. A próxima partida daria um bom jogo.
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