segunda-feira, 14 de junho de 2010

Quem diz "CALA BOCA GALVAO"? | Just like a wavin' flag


Adoro piadas. Até as bobas. Ainda mais as inteligentes.
Por isso sou contra alguns exageros do politicamente correto – uma expressão, aliás, que é uma piada por si só.

Mas também tenho algumas ressalvas a outros exageros.

Para chegar onde eu quero, vou lembrar um caso que foi bastante comentado: a comparação do King Kong com um jogador de futebol feita por Danilo Gentili. A piada foi feita no Twitter:
"King Kong, um macaco que, depois que vai para a cidade e fica famoso, pega uma loira. Quem ele acha que é? Jogador de futebol ?"

Bom. A piada causou celeuma. Gentili foi acusado de racismo por muita gente.
Quando vi, pensei: "Gente... ele não falou qual era a cor do jogador na piada...".
Ah, mas acharam que o jogador deveria ser negro porque o King Kong é um macaco?
Peraí, então? O preconceito estava onde? Em quem escreveu ou quem leu? Se a cena clássica (e consequentemente a piada) tivesse acontecido com o Godzilla, que é sabe-se-lá-o-que, não haveria problema algum, então? Pra se pensar.

Enfim, não sei se virou alguma coisa. Sei que li, depois um post fantástico feito pelo Gentili em seu blog.

Agora temos em pauta uma outra piada iniciada no Twitter, essa de proporções globais (trocadilho!).
CALA BOCA GALVAO.

A expressão ocupou por uns bons dias o lugar máximo entre as mais digitadas no microblog. Hoje a expressão não estava no topo, mas aparecia ainda em segundo, atrás apenas do atacante paraguaio Roque Santa Cruz (que não fez nada no jogo contra a Itália. Vai saber como parou lá).

Até aí, tudo bem. O próprio Galvão Bueno levou a piada na esportiva.
Mas a piada não parou por aí.

Logo a expressão virou uma campanha internacional para salvar os pássaros Galvão e a campanha se tornou hit na voz de Lady Gaga (ou Lady GaGalvão, como diz a música).

É claro que a campanha e a música são piadas. Ok.
O problema é que a tal campanha foi vendida ao restante do mundo como sendo verdadeira e convocou os gringos a dizerem CALA BOCA GALVAO (assim, em maiúsculas) no Twitter para salvar as aves raras. E muitos brasileiros começaram a se gabar da habilidade de "enganar o mundo". "Brasileiros enganam o mundo de novo", comemoram.

Fazer a piada, ok. Muito legal. O vídeo é engraçadinho. E muito bem feito. A narração britânica e a utilização das cenas do filme Chico Xavier são excelentes sacadas.

Mas daí a "enganar o mundo"... é um pouco de exagero, não é?
Seria mais legal, acredito, fazer os gringos rirem da piada junto conosco. E entrar na campanha para fazer piada também.
Ou então, num caso nobre, aplicar o mesmo esforço para uma campanha verdadeira, que realmente valesse a pena, seja qual fosse (boa) causa.

Fazer a piada por fazer ou simplesmente porque ela está na moda deixa a gente "just like a wavin' flag" como diz a música da Copa, apontando para o lado que está o vento.