quarta-feira, 16 de junho de 2010

Que mãe que nada: padecer no paraíso é torcer pra seleção de Dunga




Acabou a primeira rodada da Copa do Mundo. E já começou a segunda no mesmo dia.

Eu poderia fazer um balanço do que aconteceu até aqui, falar, da pior média de gols da história de copas na primeira rodada (1,56 por partida), da dificuldade dos favoritos – e aí destaque para Suíça, time bisonho com gol bizarro, que fez a fúria espanhola virar um simples piti –, de vuvuzelas de plástico ou humanas (expressão de Diogo Mainardi), a mais corneteira delas Maradona.

(Parênteses titânico: de Maradona vale a pena falar um pouco. Hoje o técnico demonstrou toda sua empáfia, atirou para todos os lados e me lembrou o Titanic. Sim, o Titanic. Messi é sua casa de máquinas e ele, o próprio capitão Edward John Smith. Suas falas parecem a do panfleto da White Star Line, companhia do transatlântico, que dizia: "concebido para ser inafundável". Tirando os próprios Argentinos, creio que o mundo torce para que a imodéstia deslavada naufrague diante de um iceberg na Copa mais fria da história. Seria esse iceberg a Coreia do Sul? Descobriremos em algumas horas.)

Mas, entre tantos assuntos... vou falar de mim.
Afinal, até eu consigo ser tão interessante contra a seleção brasileira diante de adversários mais fracos.

É uma brincadeira, claro. De certa forma, com um fundo de verdade, pois vou avaliar o que escrevi há quase três anos sobre o time de Dunga. Nesse próprio blog fiz (péssimas) previsões sobre um jogo contra o Chile e, depois, analisei o resultado da partida.

Apesar de, para aquele jogo, eu só ter acertado que Robinho faria gol, muito do que eu escrevi ainda valeu para a estreia na Copa de 2010 contra a Coreia do Norte!

Vejamos:
O que ficou claro no jogo é que o Brasil depende de um homem só. Robinho é tudo.
A seleção de hoje tem mais destaques. Tem Maicon destruindo na lateral, Lúcio arrebentando na zaga, em um nível tão elevado que Juan, também um gigante, chega a ficar apagado. Tem também Julio César no gol (ainda sem trabalhar muito). Até Elano, que critiquei daquela vez, tem sido sinônimo de eficiência. Mas, convenhamos: Robinho é futebol brasileiro. É quem pega, vai pra cima, dribla, dá passe inteligente, põe fogo num time de frio a morno. Mesmo com listinha de destaques, ainda dependemos de Robinho.

(...) falta ligação neste setor do campo [meio]. Até o mais juninho jogador de Elifoot, um clássico dos jogos simples e divertidos, sabe que um time sem meio-campo é um time morto! E ter três volantes é ficar sem ligação entre defesa e ataque.
Falei tudo. Daquela vez. Ligação entre defesa e ataque é o que reclamo há três anos. Pra piorar, só temos Kaká em todo o elenco convocado como meia de criatividade. O bom é que os laterais-esquerdos jogam, há tempos, como meias. E tem o Daniel Alves, convocado como lateral direito, jogando um bolão. Mas enquanto Kaká não entra no ritmo e os laterais não são aproveitados no meio, dá-lhe chutão.

Mas em tudo há um lado bom. É o que dizem. E como futebol, por mais que tentem, não é um negócio que se explique direito (e não é essa a graça?) e por mais que a gente tenha sofrido ultimamente com a seleção – e saiba que tem muito mais a sofrer nessa Copa –, Dunga ganhou tudo como técnico. A gente meio que padece no paraíso.

Paraíso. Nas copas, ele tem forma de taça. E sabemos que só chegamos lá por meio da cruz.
Carreguemos, então, essa seleção.

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