sábado, 24 de julho de 2010

A primeira lembrança do futebol

Sabe-se lá porque, fui começar a gostar de futebol muito mais tarde que as crianças costumam nesse país. Até existe uma foto de quando eu era bem pequeno com uma camiseta que estampava o escudo de um clube, o Atlético Mineiro. Sim, eu, nascido no interior de São Paulo, sem família em Minas, com uma camisa do Galo. Diz minha mãe que é porque estava em promoção. Mas não era mesmo algo pelo qual eu me interessasse. Naquela época, eu gostava de Fórmula 1 (e dá-lhe Ayrton e Piquet).

Bom, eis que eu tinha, pra mim, uma triste primeira lembrança de uma partida de futebol. Um choro de criança. Um choro de criança que não entendia patavinas de futebol, mas estava lá torcendo pelo Brasil em seus pênaltis diante da França na Copa do México. Pois foram aqueles pênaltis que tiraram a seleção da copa me fizeram gritar em prantos um idílico "tem que dar mais uma chance, tem que dar mais uma chance".

Digo idílico pra não dizer ridílico. Ops, ridículo. Na minha fantasia, tinha razão de ser. Como profundo conhecedor das regras estipuladas pela International Board e pela FIFA, eu acreditava que era o árbitro quem determinava quantas cobranças seriam feitas. Então, era natural que fossem pedidas mais uma ou duas cobranças ali, pra ter certeza que era a França quem merecia se classificar. Ah, eu tinha 6 anos.

Triste primeira lembrança de uma partida. Uma desclassificação da seleção brasileira em Copa do Mundo. Que coisa.

Naquele ano eu tive uma festa de aniversário muito legal, temática, justamente sobre futebol. Considerei-a legal já na ocasião não porque o esporte me encantasse, como já relatei, mas pela magnificência do bolo: um campo de futebol completo, com 22 bonequinhos, 10 deles com camisas amarelas e shorts azuis e 10 com camisas vermelhas (os goleiros provavelmente usavam outra roupa, mas não lembro). A bola caprichosamente arranjada repousava nas redes do time adversário.

No mesmo dia da festa, feita em um clube, o Brasil venceu a Polônia por 4 a 0.
Mas foi só esses dias que eu me dei conta que essa era, na verdade, minha primeira lembrança de uma partida de futebol.
Faço aniversário em 7 de junho. Se aquele era um jogo de copa, como eu achava que era, só podia ser ANTES da eliminação para a França. Resolvi pesquisar e (re)descobri que foi mesmo, uma partida antes, nas oitavas de final da Copa de 1986. A partida foi no dia 16. Confirmei com minha mãe: a comemoração foi mesmo com atraso para coincidir com o jogo.

Não me lembro o que ganhei de presente. Mas o presente que ganhei agora, 24 anos depois, foi ver que minha primeira lembrança de uma partida de futebol não foi uma desclassificação de copa, mas uma goleada.

Minha relembrança coincide com um período em que a seleção caiu, de novo, nas quartas. Assume o comando, agora, Mano Menezes, que na primeira convocação já tenta fazer uma reviravolta.

A gente não sabe o que vai dar. Mas espero sinceramente que Mano e a seleção consigam cavar a memória e colocar em campo um futebol belo, vistoso e vitorioso, capaz de apagar o choro amargo e nos deixar lembranças doces como goleadas.

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