sábado, 21 de julho de 2007

Amnésia

Você se lembra do que aconteceu no sia 12 de janeiro de 2007? Provavelmente não. Mas foi o dia em que o Brasil ficou abalado ao ver as cenas do canteiro de obras da linha 4-amarela do metrô, que desabou em Pinheiros (zona oeste de São Paulo) , abrindo uma cratera, engolindo pessoas e tudo o que estava ao seu redor. Foi o pior acidente da história da companhia.

Quase seis meses depois do desastre que deixou sete mortos, 18 famílias que somam 57 pessoas, ex-vizinhos da cratera, ainda não voltaram para suas casas e continuam vivendo em quatro hotéis na mesma região de Pinheiros. Alguns tiveram seus imóveis interditados, outros aguardam reformas e há ainda os que esperam fechar acordos sobre os valores das indenizações.

É curioso como os meios de comunicação nos bombardeiam com um determinado acontecimento durante dias, sem parar e depois de algum tempo, nos ajudam a esquecer do que aconteceu com novos fatos. E assim a vida no país do jeitinho brasileiro segue. Alguém se lembra do Mensalão, da CPI dos Correios, da CPI dos Bingos, de Marcos Valério, Delúbio Soares, Roberto Jefferson ou Paulo Maluf? De Suzane von Richthofen ou do jornalista Antonio Pimenta Neve? Será que alguém se recorda das sete pessoas queimadas vivas no ataque a um ônibus da Viação Itapemirim na madrugada de 28 de dezembro de 2006, no Rio de Janeiro? Ou talvez alguém ainda se lembre do assalto que terminou com a morte do menino João Hélio, de seis anos, na noite do dia 7 de fevereiro, arrastado pelas ruas do Rio.

"Que país é esse?" perguntava Renato Russo em 1978, quando ainda fazia parte do grupo "Aborto Elétrico", e em 1987 quando a música fez sucesso com o "Legião Urbana". O desabafo da conhecida canção mostrava o seu descontentamento para com o que acontecia neste país. Passados tantos anos, os motivos são outros (certamente piores) e eu faço voz da mesma indignação ao me lembrar dos absurdos, abusos, impunidade e da falta de memória da nação sem ação de hoje. O que será que cantaria o poeta se estivesse vivo? Acho que não teria motivos para cantar, mas sim, lamentar.

Um comentário:

Thaís disse...

Acredito que Renato Russo simplesmente não conseguirira cantar, nem mesmo se lamentar.
Ficaria mudo de perplexidade diante de um governo que está mais interessado em tirar o dele da reta (vide episódio Marco Aurélio Garcia) do que em fazer alguma coisa de útil pelo país.

Ou talvez ficasse ainda mais espantado ao saber que o governo que está aí, esse mesmo que não tem competência para solucionar uma crise aérea que se arrasta por 10 meses e já tirou a vida de mais de 300 pessoas, foi eleito pelo voto de 60 milhões de brasileiros.

Eu tenho até medo de perguntar, mas não resisto: o que mais falta acontecer?